ANM apresenta Simpósio sobre Cirurgia Cervical

16/11/2017

Com Simpósio intitulado“Tópicos Avançados em Cirurgia Cervical” e organizado pelos Acadêmicos Silvano Raia, Pietro Novellino e Rossano Fiorelli, a atividade da última quinta-feira da Academia Nacional de Medicina contou com a presença dos palestrantes Lucas Lemes (UERJ), Leonardo Rangel (UERJ), Rui Maciel (UNIFESP), Prof. Jeffrey T. Laitman (Mount Sinai School of Medicine – NY, EUA), e os Acadêmicos Carlos Alberto Mandarim-de-Lacerda e Ricardo Cruz como mediadores da discussão.

Os Acadêmicos Rossano Fiorelli, Pietro Novellino, Jorge Alberto Costa e Silva (Presidente) e Milton Meier

A primeira palestra sobre “Tratamentos Cirúrgico Multinível para Apneia do Sono” foi apresentada pelo professor da UERJ, Dr. Lucas Lemes, que abordou a questão do insucesso do CPAP nasal na eliminação da Apneia Obstrutiva do Sono, ressaltando que 50% dos tratamentos não têm resultado eficaz. O médico apontou também novas recomendações e opções de tratamento.

Entre as cirurgias citadas pelo professor estão a Traqueostomia, Amigdalectomia, Cirurgia nasal, Faringoplastia lateral ou expansiva e a Uvulopalatofaringoplastia, cirurgia mais utilizada no tratamento de apneia do sono e com sucesso cirúrgico reconhecido, diminuindo pela metade o número de apneias durante a noite. O otorrinolaringologista comentou ainda a eficácia da cirurgia para o Avanço Maxilomandibular (AMM), com cura cirúrgica de 75% das pessoas com avanço mandibular maior que 16mm.

O Dr. Leonardo Rangel (UERJ), apresentou palestra sobre o “Uso da Radiofrequência para Nódulos Tireoidianos”, na qual exibiu índices que demonstram o crescimento da incidência de câncer na tireoide nos últimos dez anos. Mencionou também o alto índice de cirurgias realizadas no tratamento da doença, mesmo em nódulos benignos.

Atentou para o fato de que a maioria das lesões são benignas, fazendo com que o tratamento cirúrgico não seja necessário em todos os casos. Apontou outras opções, como a Ablação por Radiofrequência, demonstrando como a técnica é realizada. Apresentou também alguns casos clínicos e quais indicações para a escolha do procedimento a ser realizado.

O Acadêmico Rossano Fiorelli discorreu acerca de “Cirurgia nos Bócios Mergulhantes”, esclarecendo que não há consenso a respeito de uma exata definição do que são os bócios mergulhantes. Entretanto, a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço caracteriza o bócio como o aumento de volume da glândula tireoide, e são considerados mergulhantes quando uma parte da tireoide tópica doente se insinua até a região do mediastino superior (centro do tórax) e seu limite inferior na altura da fúrcula esternal não é palpável.

Os Acadêmicos Rossano Fiorelli e Pietro Novellino

O Acadêmico demonstrou alguns casos clínicos e pontuou os maiores níveis de incidência: entre mulheres (82,5%), afrodescendentes (54,8%), pessoas acima de 60 anos (29%) e pessoas com problemas respiratórios (94%). Apresentou também a anatomia tireoidiana e apontou a Manobra de Sandy como o melhor tratamento para a doença.

Em seguida, o Dr. Rui Maciel (UNIFESP) realizou palestra sobre “Condução da Neoplastia Endócrina Múltipla Tipo 2 Baseada em Sequenciamento Genético”, onde explicou o que é o Carcinoma Medular de Tireoide (CMT), tumor maligno raro com origem nas células parafoliculares da tireoide, que tem como principal produto secretório a calcitonina.

O Dr. Rui Maciel explicou como ocorre a Neoplasia Endócrina Múltipla tipo 2 (MEN2), caracterizada pela ocorrência de carcinoma medular da tireoide (MTC), feocromocitoma e, numa variante, hiperparatiroidismo primário (PHPT). Apontou como métodos diagnósticos a utilização de Screening Genético com RET, ultrassonografia e citologia aspirativa.

Ao final de sua apresentação, o médico apresentou as possibilidades de metástase a partir da doença, apontou a Radioterapia na doença metastática como tratamento paliativo e a Terapia sistêmica não curativa, para pacientes muito sintomáticos.

O Prof. Jeffrey T. Laitman (Mount Sinai School of Medicine, EUA) abordou o tema “Evolução dos Sistemas Respiratório e Digestório Superior – Anatomia Comparada e de Desenvolvimento”. Apresentou a anatomia de fetos humanos e a evolução da estrutura do palato e da epiglote ao longo dos primeiros meses de gestação, além de abordar a Síndrome da Morte Súbita do Lactente (SMSL), óbito inesperado de crianças com menos de um ano de vida, conhecida internacionalmente pela sigla SIDS (sudden infant death syndrom). Esclareceu que existem muitas hipóteses a respeito de sua causa, todavia a mais apontada por especialistas está ligada ao mau desenvolvimento do sistema respiratório do feto.

Os estudos apresentados apontam para o fato de que uma gestação tardia representa um período crítico para a formação do núcleo motor do trato respiratório superior do feto, o que leva à hipótese, ainda em teste, de que a SIDS é uma condição determinada antes do nascimento, na qual o bebê é afetado ainda no útero por toxinas.

O Professor finalizou sua apresentação mostrando a formação de crânios de Neandertais e a evolução dos sistemas respiratório e auditivo desde então. Apontou similaridades entre o formato da tuba auditiva de um Homem de Neandertal e crianças de até 5 anos de idade, mais estreitas que a de um adulto – o que facilita infecções e doenças – e diferenças na fisiologia do sistema respiratório, como a posição mais alta da laringe – o que diminui a capacidade de respiração oral e leva à hipótese de que Neandertais teriam sido mais predispostos a apneia obstrutiva do sono e problemas respiratórios.

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