Eles são invisíveis, mas essenciais para o bom funcionamento do corpo humano. Vivem na boca, no intestino, na pele e em vários outros cantos do organismo, ajudando na digestão, na defesa contra doenças e até no funcionamento do cérebro. Esses “microrganismos do bem”, que formam o microbioma e a microbiota, foram o centro das discussões da sessão da Academia Nacional de Medicina, realizada na última quinta-feira (7). O encontro reuniu especialistas para apresentar descobertas recentes e debater os desafios de entender e cuidar desse universo microscópico que influencia diretamente a nossa saúde.
Principal palestrante da conferência, a professora Maria do Carmo Friche Passos destacou que, ao longo dos anos, a ciência passou a considerar a microbiota quase como um “órgão” vital. Ela explicou que esses microrganismos ajudam na digestão, fortalecem as defesas do corpo e até influenciam o funcionamento do cérebro. Quando ocorre um desequilíbrio, conhecido como disbiose, podem surgir problemas que vão desde doenças no fígado e inflamações intestinais até alterações de humor e memória.
O desafio, segundo ela, é que cada pessoa tem uma microbiota única. Por isso, não existe um probiótico “universal” que funcione para todos. É preciso escolher cepas (tipos de microrganismos) específicas e testadas para cada caso. Já o professor Carlos Eduardo Brandão abordou pesquisas que relacionam alterações na microbiota intestinal a possíveis impactos no cérebro.
Mesmo com o avanço das descobertas, os cientistas concordam: ainda estamos nos primeiros passos para compreender e manipular o microbioma de forma segura. Sua complexidade exige novas tecnologias e métodos de estudo para transformar esse conhecimento em benefícios concretos para a saúde.