A Academia Nacional de Medicina se junta aos conselhos médicos no alerta a médicos e à população sobre o perigo do uso indiscriminado das novas drogas para emagrecimento. O Brasil é o campeão de vendas destas “canetas emagrecedoras” e organismos internacionais de medicina já estão de olho e preocupados com o fato. É mais do que necessário e urgente diferenciar obesidade “doença” de obesidade “estética”.
Pessoas que não têm obesidades, não querem fazer dieta, nem ir para academias de ginástica vão atrás da facilidade e estão usando medicamentos sem evidências de uso e segurança para estes casos que envolvem tratamentos estéticos.
Principalmente as mulheres estão tomando Monjauro para perder dois quilos e entrar em um vestido que ficou apertado. Nos consultórios médicos, aumentou o número de pessoas que chegam apenas para conseguir uma receita médica para as drogas.
E o problema é que alguns médicos, hoje mais interessados em “likes” nas redes sociais do que em medicina, receitam essas drogas para quem quiser, principalmente para a classe média alta, porque é um medicamento muito caro, não acessível às classes mais baixas.
A Academia Nacional de Medicina entende que a obesidade é uma pandemia que avança rapidamente e é preciso uma política pública intensa para combatê-la; é uma doença com complicações que podem matar; é crônica, recorrente e progressiva e é importante que seja combatida desde a infância. A obesidade no século XXI é como o tabagismo no século XX e deve ser tratada da mesma forma, com campanhas elucidativas, como a que foi feita contra o fumo.
O custo de sobrepeso e obesidade para o SUS é bilionário. Por isso, a cirurgia bariátrica deve ser incentivada. Atualmente, existem no estado do Rio 8500 pacientes na fila para cirurgia bariátrica. A cirurgia bariátrica é mais eficiente a médio e longo prazo do que qualquer medicamento.
Os alimentos ultraprocessados também precisam ser alvo de campanhas públicas. 20% da energia de alimentos no Brasil vêm de ultraprocessados. O maior percentual de pacientes com obesidade está nos extratos de baixa renda.
É necessário aumentar tributos sobre bebidas adoçantes, assim como ter um guia alimentar para crianças e professores, principalmente de escolas públicas.
É preciso baratear custos, ter produção local, prefixar preços utilizando valores de referência e não os preços nos EUA e combater o mercado pirata para dotar o SUS com as novas drogas contra a obesidade.