Academia Nacional de Medicina promove sessão sobre avanço da obesidade no Brasil

18/06/2025

A obesidade e seus impactos na saúde pública foram tema central da sessão científica promovida pela Academia Nacional de Medicina nesta quinta-feira (12). Sob a organização da presidente da instituição, acadêmica Eliete Bouskela, o encontro reuniu especialistas de diversas áreas para discutir a evolução preocupante da obesidade no Brasil. A programação incluiu apresentações que trataram desde os indicadores epidemiológicos até os desafios enfrentados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no manejo de pacientes com quadros avançados da doença.

Composição da mesa de sessão “Obesidade – Uma Pandemia que Avança”

A primeiro assunto da sessão foi conduzido pelo professor Amélio Godoy Matos, da Pontifícia Universidade Católica (PUC), que abordou o tema “Obesidade: O Que Precisamos Saber”. Em sua exposição, ele trouxe dados atualizados sobre a prevalência da obesidade no Brasil, ressaltando que mais de 41% da população adulta já apresenta sobrepeso ou obesidade, conforme apontam levantamentos oficiais. O professor também chamou atenção para o avanço preocupante da doença entre crianças e adolescentes.

Professor Amélio Godoy Matos fala sobre “Obesidade: O Que Precisamos Saber”

Segundo ele, “a obesidade é uma pandemia; trata-se de uma condição de base genética, poligênica e multifatorial, associada a diversas morbidades”.

Dando continuidade, o professor Denizar Vianna, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), apresentou reflexões sobre o tema “Políticas Públicas para Mitigar o Impacto Socioeconômico da Obesidade no SUS”. Em sua análise, destacou a necessidade de estratégias integradas de prevenção e controle da obesidade, articuladas entre os diferentes níveis de atenção à saúde.

Professor Denizar Vianna “Políticas Públicas para Mitigar o Impacto Socioeconômico da Obesidade no SUS”

Vianna defendeu a adoção de medidas como a regulação governamental, a implementação de intervenções populacionais com boa relação custo-benefício e o fortalecimento da pesquisa, desenvolvimento e produção nacional de medicamentos como os agonistas do GLP-1 — fármacos que imitam a ação de um hormônio intestinal, auxiliando na redução do apetite, no controle glicêmico e na perda de peso. O especialista também alertou para o uso indiscriminado e a venda irregular desses medicamentos no país.

O professor chamou atenção ainda para o impacto dos alimentos ultraprocessados na crescente prevalência da obesidade. Segundo ele, países que obtiveram avanços significativos na redução dos índices da doença iniciaram suas políticas públicas tributando esses produtos. Para ele, a conscientização sobre alimentação saudável deve começar cedo. “Essas ações devem começar nas escolas”, afirmou.

A apresentação foi seguida por um debate com a bancada acadêmica, que trouxe à tona outras perspectivas médicas sobre a obesidade, ampliando o olhar sobre os múltiplos fatores que envolvem a doença. Acadêmicos de diferentes áreas contribuíram com análises clínicas, epidemiológicas e terapêuticas, reforçando a complexidade do tema e a necessidade de abordagens interdisciplinares para seu enfrentamento.

O professor Paulo Lacativa, representante da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Rio de Janeiro (SBEM-RJ), abordou os impactos econômicos da obesidade em sua apresentação “Entre o Custo da Medicação e o Preço das Complicações: A Obesidade no SUS”. Ele destacou os custos elevados que a doença impõe ao sistema de saúde, especialmente em decorrência de comorbidades como diabetes, doenças cardiovasculares e problemas ortopédicos, que demandam acompanhamento contínuo e tratamentos de alto custo.

Professor Paulo Lacativa fala sobre “Entre o Custo da Medicação e o Preço das Complicações: A Obesidade no SUS”

Lacativa também chamou a atenção para as limitações do índice de massa corporal (IMC) como critério único de diagnóstico, citando como exemplo casos em que atletas apresentam IMC elevado, mas sem apresentar obesidade clínica. “É por meio de uma avaliação adequada que conseguimos distinguir a obesidade real daquela que não é”, pontuou.

Além dos aspectos clínicos e econômicos, o professor destacou ainda a importância de combater o estigma social e os preconceitos enfrentados por pessoas com obesidade, alertando para os efeitos da gordofobia na qualidade de vida e no acesso ao cuidado de saúde.

Fechando a programação, foram debatidos os desafios relacionados aos pacientes com índice de massa corporal (IMC) superior a 50 kg/m². O professor Luiz Guilherme Kraemer de Aguiar (UERJ) expôs os entraves na assistência clínica desses casos, enquanto o professor Paulo Roberto Falcão Leal (UERJ) destacou, em sua apresentação, as dificuldades enfrentadas no tratamento cirúrgico de pacientes superobesos.

Professor Luiz Guilherme Kraemer de Aguiar fala sobre os “Desafios para a Assistência de Pacientes com Obesidade IMC > 50kg/m²”
Professor Paulo Roberto Falcão Leal fala “Desafios no Tratamento Cirúrgico da Obesidade em Pacientes com IMC > 50kg/m²”

A sessão mostrou que lidar com a obesidade no Brasil vai muito além do controle de peso: envolve políticas públicas, acesso a tratamento, combate ao preconceito e, principalmente, informação qualificada.

Assista o evento completo clicando aqui e aqui.

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