A Academia Nacional de Medicina realizou nesta quinta-feira (16), uma sessão especial em homenagem aos cem anos de ensino de Doenças Infecciosas e Parasitárias no Brasil, marco que remonta à criação da cátedra de Moléstias Tropicais por Carlos Chagas, em 1925, na então Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, hoje UFRJ.
Organizada pelo acadêmico Celso Ferreira Ramos Filho e pela professora Simone Aranha Nouer, a reunião reuniu médicos, professores e pesquisadores para relembrar a trajetória do ensino da infectologia no país e discutir seus rumos para o futuro.
Na abertura, o professor Mariano Zalis, atual chefe do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da UFRJ, apresentou um panorama dos cem anos de atuação do setor, destacando seu papel na formação médica e na resposta a desafios recentes, como a pandemia de COVID-19. “O departamento cresceu em estrutura e missão. Nosso desafio é continuar formando profissionais capazes de lidar com doenças emergentes, sem perder o olhar humano e crítico”, afirmou.
Em seguida, a professora Simone Petraglia Kropf, da Casa de Oswaldo Cruz, revisitou a história da criação da cátedra de Medicina Tropical e o papel de Carlos Chagas na consolidação da área. Ela lembrou que o cientista enfrentou resistências à época, mas conseguiu mostrar a importância da pesquisa nacional sobre doenças tropicais. “Chagas soube unir ciência e compromisso público. Sua atuação como pesquisador e educador marcou a medicina brasileira”, destacou.
O acadêmico Celso Ferreira Ramos Filho também fez um resgate histórico dos professores que sucederam Chagas, como Moreira da Fonseca, Rodrigues da Silva e José Rodrigues Coura, ressaltando o legado de cada um. “Esses mestres ajudaram a consolidar o ensino e a pesquisa em doenças infecciosas no Brasil, sempre mantendo viva a tradição de excelência que começou com Chagas”, afirmou.
As palestras seguintes trataram da evolução do ensino de graduação e pós-graduação na área, com ênfase em metodologias ativas, novas tecnologias e internacionalização. O professor Luiz Antônio Alves de Lima defendeu o uso de abordagens mais participativas no ensino médico, enquanto a professora Cristina Hofer destacou o papel da pós-graduação na formação de novos pesquisadores. “A inovação tecnológica é bem-vinda, mas o essencial é preservar a sensibilidade e o compromisso ético que sempre marcaram essa área”, pontuou.
Durante o encontro, o professor Mariano Sales entregou à presidente da ANM, acadêmica Eliete Bouskela, um presente que passará a integrar o acervo do Centro de Memória Médica da instituição. Também foi apresentada a proposta de criação de um selo comemorativo dos Correios em alusão ao bicentenário da Academia.
Encerrando a sessão, Eliete Bouskela destacou a importância do evento e da preservação da história médica nacional. “Celebrar esse centenário é reafirmar o papel da medicina como instrumento de transformação social. A trajetória do ensino de doenças infecciosas no Brasil mostra que ciência e humanidade caminham juntas, e esse continuará sendo o nosso norte”, disse a presidente.