A ortopedia brasileira ganhou uma tarde inteira de reflexões, memórias e projeções na Academia Nacional de Medicina em uma sessão nesta quinta-feira (23), que costurou legado histórico e inovação científica com a precisão de um cirurgião. Acadêmicos, especialistas e lideranças da área se reuniram para revisitar conquistas, celebrar nomes que pavimentaram o caminho da especialidade e abrir novas janelas para o futuro da medicina do movimento no país.
A presidente da ANM, acadêmica Eliete Bouskela, deu início ao encontro reforçando o propósito da instituição de estimular o pensamento científico e fortalecer a medicina nacional. A imersão começou com uma viagem ao passado: a trajetória da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e da recém-criada Academia Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (ABOT). Ao destacar a importância da memória institucional, o acadêmico Karlos Mesquita resumiu o espírito da tarde: “Quando compreendemos o caminho percorrido, enxergamos com mais clareza a direção que devemos tomar.”
A história ganhou ainda mais camadas com a fala do professor Walter Albertoni sobre a constituição da ABOT, fundada em 2022, e com o professor Geraldo Mota, que resgatou as seis décadas da Revista Brasileira de Ortopedia, publicação que acompanhou, página a página, a evolução científica do país. “Uma revista vive do rigor e da inquietação científica”, afirmou ele, destacando o desafio contemporâneo de consolidar a internacionalização sem perder raízes brasileiras.
O evento também abriu espaço para homenagens. Figuras como Cândido Barata Ribeiro e Donato D’Angelo foram lembradas não apenas por suas contribuições técnicas, mas por sua visão de futuro e compromisso com a ética e a ciência. De pioneiros em protocolos cirúrgicos à incorporação da radiologia na prática ortopédica, cada lembrança reforçou que os alicerces da especialidade foram erguidos com ousadia e propósito.
Na parte científica, as discussões mergulharam em temas que moldam o presente e o amanhã da ortopedia, da integração do cuidado ao paciente idoso à bioengenharia, robótica e novas perspectivas no tratamento das afecções do ombro. Da defesa do cuidado multidisciplinar feita por Ricardo Farias Júnior à reflexão de Arnaldo Hernandez sobre cirurgias assistidas por robôs, o debate deixou claro que a ortopedia é, cada vez mais, uma especialidade em que ciência e tecnologia caminham de mãos dadas.
Dr. Osvandré Lech encerrou o ciclo científico destacando a necessidade de envelhecermos com força e autonomia, reforçando o papel do movimento como chave para uma longevidade saudável.
Mais do que uma sessão científica, o encontro foi um lembrete elegante: a medicina avança em movimento, passo a passo, articulação por articulação, e o futuro da ortopedia se constrói com a mesma precisão e cuidado que define a própria especialidade.
