ANM discute inovações na utilização da Ressonância Magnética de Alto Campo (7T)

01/09/2016

Em sessão realizada na última quinta‐feira (1), o Dr. Giovanni Guido Cerri, Professor Titular de Radiologia da USP, apresentou conferência sobre Ressonância Magnética (RM) de Alto Campo, abordando as Perspectivas da Imagem Histológica não Invasiva.

As perspectivas da utilização de ressonância magnética de alto campo foram apresentadas pelo Professor da USP, o Dr. Giovanni Guido Cerri

Depois de breve apresentação pelo Acad. Felippe Mattoso, o Dr. Giovanni Cerri iniciou sua apresentação demonstrando que ao longo das últimas 4 décadas a imagem médica evoluiu no critério “sensibilidade”; todavia, a mesma evolução não se observou quanto à “especificidade”. Considerada um dos métodos mais precisos de diagnóstico por imagem, a ressonância magnética permite a análise qualquer órgão ou tecido que tenha água em sua composição, o que auxilia na identificação de tumores, doenças degenerativas, ortopédicas, neurológicas e cardiovasculares com mais precisão.

O Acadêmico Luiz Felippe Mattoso apresentou o conferencista, Prof. Dr. Giovanni Guido Cerri
Gráfico apresentado pelo Prof. Dr. Giovanni Guido Cerri, comparando os avanços no campo da imagem médica de 1970 a 2016

O Professor Cerri apresentou a utilização da tecnologia 7 TESLA (a denominação é uma homenagem a Nikola Tesla, inventor que fez grandes contribuições para a utilização da eletricidade e do magnetismo), que representa o que há de mais moderno dentro do campo da Imagem. Sua utilização praticamente não possui barreiras dentro das diversas áreas médicas: há ganhos consideráveis na utilização do 7T na ressonância magnética em praticamente todas as áreas.

Com relação aos problemas encontrados, é possível destacar a deposição de calor, que, apesar de localizada, varia de acordo com o paciente. Foi também comprovado que, a partir de 7 Tesla, os aparelhos de RM convencionais variam de 1,5T a 3T ‐ o corpo humano começa a apresentar mudanças de metabolismo, que podem provocar tonturas. Com exposições acima de 7 Tesla, o paciente pode apresentar alterações no labirinto e reações como tontura, dor de cabeça e ânsia de vômito. Por fim, existem preocupações relativas à sustentabilidade dos estudos que empregam o 7T, devido ao seu alto custo.

A principal vantagem relacionada ao 7T está relacionada à produção de imagens em alta resolução; outros benefícios advindos da utilização da ressonância magnética em 7T estão associados à produção de imagem quantitativa, possibilidade de mensuração de parâmetros biológicos e o desenvolvimento de uma “medicina de precisão”. O Prof. Giovanni Cerri também demonstrou as diversas possibilidades clínicas associadas à tecnologia no caso das doenças inflamatórias como a esclerose múltipla. Foram apresentados estudos que mostram como o uso de ressonâncias precisas (como com o 7T) podem “prever” diagnósticos de esclerose múltipla em casos de diagnóstico inicial incerto, em razão de uma melhor caracterização anatômica das lesões. As possibilidades clínicas também se aplicam às doenças degenerativas, como na identificação de sinais da Doença de Parkinson e Alzheimer. Além disso, existem vantagens diagnósticas associadas às neoplasias.

Imagem mostra a diferença entre as imagens produzidas pela tecnologia 3T (A) e aquelas produzidas pela tecnologia 7T (B)

Em seguida, o Professor passou a apresentar a Plataforma de Imagem na Sala de Autópsia (Pisa), associada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e que abriga o Magnetom 7T MRI, primeiro equipamento de ressonância magnética para corpo inteiro com campo de 7T da América Latina. Dentre os dados apresentados na página inicial do projeto, destaca-se que o desenvolvimento tecnológico da Imagem Médica não só abriu novas possibilidades de pesquisa, mas também deixou claro que mais estudos são necessários para validar a especificidade destes procedimentos.

Magnetom 7T MRI, primeiro equipamento de ressonância magnética para corpo inteiro com campo de 7T da América Latina

Uma das principais utilizações do equipamento está associada a estudos post‐mortem (em cadáveres), buscando desenvolver técnicas de diagnóstico por imagem que ajudem a identificar a causa da morte de modo menos invasivo do que uma autópsia convencional. O Serviço de Verificação de Óbitos, localizado próximo à FMUSP, realiza 15.000 autópsias por ano, tornando-se o maior serviço de autópsia de pacientes que morreram de causas naturais no mundo. Assim, os pesquisadores deste estudo estão em uma posição única no mundo, pois uma pesquisa desta magnitude pode ser realizada somente no Brasil.

Tendo em vista que a Faculdade de Medicina está passando por uma reforma do currículo do ensino médico, há um grande potencial desta plataforma para o desenvolvimento integrado entre as diferentes especialidades médicas tanto na graduação quanto na pós-graduação.

Por outro lado, a incorporação do Instituto de Medicina Legal no projeto vai permitir o desenvolvimento da investigação médica forense. Atualmente, na avaliação de casos específicos em que há a necessidade de utilizar a tomografia computadorizada ou ressonância magnética, estes procedimentos são realizados no Hospital de Clínicas, causando grande transtorno. A instalação desta plataforma não só irá permitir apoio diagnóstico, mas também para o desenvolvimento de uma linha de pesquisa que é relevante em sua aplicação para o desenvolvimento da medicina forense, criando assim uma ponte entre a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo e Academia.

Assim, os resultados a partir da implantação da Plataforma têm o potencial para ultrapassar o desempenho de projetos isolados, permitindo a integração da investigação com as atividades de diagnóstico e de ensino, além de garantir uma posição de vanguarda no estudo de diferentes doenças e na utilização sistemática de autópsias de mortes naturais em estudos de correlação de imagem, o que é inédito no mundo.

O Professor Giovanni Guido Cerri destacou os trabalhos desenvolvidos pela Plataforma de Imagem na Sala de Autópsia (Pisa)

Na conclusão de sua apresentação, o Prof. Giovanni Guido Cerri reafirmou a importância da contribuição da tecnologia 7T para o diagnóstico de doenças neurodegenerativas e sua patologia, através o aumento do detalhamento da anatomia do Sistema Nervoso Central. Por fim, destacou o potencial associado à redução de procedimentos invasivos no futuro, além do potencial diagnóstico ainda a ser explorado em outros sistemas do corpo humano, tornando a ressonância magnética de alto campo uma importante ferramenta no desenvolvimento da medicina moderna.

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