A Academia Nacional de Medicina dedicou esta quinta-feira (13) a um duplo encontro marcado pela memória, pela ciência e pelo diálogo entre gerações. À tarde, realizou a Sessão da Saudade em homenagem ao Acadêmico Sérgio Augusto Pereira Novis, referência nacional na neurologia. À noite, abriu espaço para uma discussão atualizada sobre avanços no diagnóstico e no tratamento do câncer de próstata, reunindo especialistas de diferentes áreas.
A cerimônia em memória do Professor Sérgio Novis reuniu acadêmicos, colegas, familiares e amigos, que revisitaram sua trajetória como médico, professor e líder científico. Reconhecido por sua atuação no Instituto de Neurologia da UFRJ, onde se tornou professor titular, e por sua presidência na Academia Brasileira de Neurologia, foi lembrado como um profissional brilhante, ético e profundamente humano.

O presidente em exercício, Acadêmico Antonio Egídio Nardi, abriu a homenagem ao lado do também Acadêmico Osvaldo Nascimento. Entre os relatos, destacaram-se o depoimento do Acadêmico Mauricio Younes Ibrahim, além das mensagens enviadas pela família. “Ele nos ensinou que a medicina é, antes de tudo, compromisso com o outro”, lembrou a Professora Maria Lucia Pimentel.

Os Doutores Ricardo Novis, Luiz Eduardo Novis e Ana Luiza Novis trouxeram memórias afetuosas e histórias que revelam o impacto geracional do professor. Eles ressaltaram sua influência direta na formação de novos médicos da família e o papel essencial de Sérgio Novis como orientador e exemplo profissional.

A sessão também registrou encaminhamentos institucionais, como a verificação do uso da imagem de Carlos Chagas no aplicativo Chagas AI, e a iniciativa de produzir um trabalho histórico sobre uma carta enviada pelo Professor Afrânio Peixoto em 1940, que será posteriormente entregue à família Novis.
Encerrando o dia, a ANM promoveu uma sessão científica sobre câncer de próstata, coordenada pelos Acadêmicos Fernando Vaz, Francisco Sampaio, Ronaldo Damião e André Berger. A conferência principal foi conduzida pelo urologista francês Sebastien Crouzet, que apresentou o estado da arte da terapia focal em 2025. Segundo ele, técnicas como HIFU têm permitido “preservar funções e reduzir em até 50% a necessidade de tratamentos radicais em pacientes de baixo risco”.

Um painel multidisciplinar ampliou a discussão sobre a jornada do paciente, reunindo especialistas em urologia, oncologia, radio-oncologia e medicina nuclear. A conversa abordou fatores de risco, tais como idade, obesidade e histórico familiar, e enfatizou avanços no diagnóstico por ressonância magnética e PET-PSMA.
O Acadêmico Ronaldo Damião reforçou a importância do rastreamento adequado: “O toque retal continua indispensável. Cerca de um quarto dos pacientes com câncer de próstata têm exames laboratoriais normais.” Os debatedores também destacaram a necessidade de condutas personalizadas, incluindo vigilância ativa em casos de baixo risco e terapias combinadas, como radioterapia associada ao bloqueio hormonal, para tumores mais agressivos.
A sessão encerrou com um consenso: o cuidado ao câncer de próstata avança rapidamente, mas deve sempre respeitar o perfil clínico de cada paciente, evitando tanto o subtratamento quanto intervenções excessivas.

O encontro plenário da ANM também mencionou a participação da Presidente Eliete Bouskela na COP30, onde representou a instituição em debates sobre saúde e mudanças climáticas, além da recente publicação de artigo sobre o tema em periódico internacional.