As Nossas Muitas Mortes

SIMPÓSIO AS NOSSAS MUITAS MORTES MARCA O RETORNO DAS SESSÕES CIENTÍFICAS NA ANM

Acadêmicos Antonio Egídio Nardi, José J. Camargo, Ex-Presidentes Acads. Pietro Novellino e Rubens Belfort Jr.

As Sessões Científicas retornaram na Academia Nacional de Medicina na última quinta-feira (09). O tema As Nossas Muitas Mortes foi organizado pelo Acadêmico José J. Camargo, e teve o intuito de discutir a relação das pessoas com o sofrimento, abordando uma visão humanística e explicando sobre as mortes parciais em diferentes áreas da medicina. “Muitas vezes doem mais que a morte completa, porque comprometem terrivelmente a qualidade de vida de quem adoeceu e arrasta consigo a família, a provar que ninguém adoece sozinho”, afirmou o Acadêmico José J. Camargo na abertura do simpósio. Os temas das palestras transitaram entre assuntos como a esperança, o suicídio, a depressão e a perda da visão, tema responsável por abrir a discussão no evento.

O Acadêmico Rubens Belfort Jr. apresentou a palestra sobre A Morte da Visão, em que relembra que as especialidades possuem diferentes conceitos sobre a morte e que alguns órgãos servem de “marcadores biológicos para morte”. O Acadêmico explica como a cegueira é uma dessas “muitas mortes” na vida do paciente, pois apesar da perda da visão, ele segue o seu caminho ainda em vida, e o futuro pode trazer possibilidades para a substituição da visão. “O grande objetivo da medicina sempre foi aniquilar a morte”, finaliza o Acad. Rubens Belfort Jr..

Na área da psiquiatria, o Acadêmico Antonio Egídio Nardi apresentou o tema A Morte Antecipada: Suicídio, em que exibiu dados sobre o registro de mortes por suicídio no Brasil, de gênero e formas que isso acontece. O Acadêmico ressalta que “é importante falar sobre suícidio”, reforça a necessidade das campanhas de conscientização no dia a dia e para mostrar que a medicina está preparada para ajudar. Foram mostrados exemplos de casos famosos, como Santos Dumont e Getúlio Vargas, levantando o fato que o filho e o neto do ex-presidente também tiraram a própria vida. Com isso, o Acad. Nardi cita alguns fatores de risco que levam ao suicídio, como casos presentes na família, alcoolismo, depresengo, doenças e depressão, tema da palestra do Professor Flávio Kapezinsky, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

A Morte do Futuro: Depressão foi o título da palestra do Professor Kapezinsky, apresentada na segunda parte do simpósio, e explicou sobre as questões neurológicas e mudanças celulares que estão presentes nos casos de depressão, e a relação de futuro para os pacientes depressivos. Outro ponto debatido na apresentação foi os tratamentos e os seus efeitos, as consequências, como envelhecimento precoce e demência. O professor usa exemplos famosos que abordam os momentos depressivos, como Inferno de Dante, Virginia Woolf e Mario Quintana.

Acadêmicos e convidados assistindo a apresentação do Acadêmico Antonio Egídio Nardi

A segunda parte do simpósio foi marcada por palestras com foco na neurologia, cognição e funções neurológicas. O Professor Jaderson Costa da Costa, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, apresentou o tema A Morte da Cognição, em que explica sobre as funções associativas cognição, o papel da tecnologia para o desenvolvimento das novas gerações e o efeito gradual da perda na vida do paciente. “É a morte daquela parte quando o indivíduo começa a reconhecer que está perdendo cognição e não tem mais controle. É o sofrimento da perda, não é o envelhecimento natural”, explica Professor Jaderson. 

Em seguida, o Acadêmico Paulo Niemeyer Filho apresentou o tema A Morte do Eu, no qual abordou as funções neurológicas usando a filosofia, a psicanálise e a neurociência como ponto de partida para a palestra. O Acadêmico explica as funções do cérebro e a deterioração das suas atividades, causados por doenças degenerativas, como Alzheimer, Parkinson, mas traumas sofridos na juventude também são indicativos para isso.

Para finalizar as apresentações, o seu organizador, Acadêmico José J. Camargo, fez uma bela apresentação humanística sobre A Morte da Esperança. “Nós vivemos de esperança, nós nascemos para esperar”, afirmou ele ao iniciar a palestra. O Acadêmico destacou casos da sua carreira em que a expectativa e possibilidade de melhora se fizeram presentes, com isso, ressaltou que aprendemos a festejar as pequenas conquistas da vida. 

Por fim, os comentários foram abertos para a Bancada Acadêmica e o Acad. Milton Ary Meier fez um lindo relato sobre a morte e o medo de partir, emocionando os presentes. Para assistir ao simpósio completo, clique aqui para parte um e aqui para parte dois.



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