Nesta quinta-feira (28), a Academia Nacional de Medicina reuniu especialistas para debater o envelhecimento e a qualidade de vida na palestra “Longevidade Hoje: Envelhecer Não é Morrer”, organizada pelo acadêmico Ronaldo Damião.
A pneumologista e acadêmica Margareth Dalcolmo abriu o evento destacando que envelhecer pode ser digno ou não, dependendo das condições sociais e de saúde. “Envelhecer não é morrer”, disse, reforçando que é possível viver muitos anos com qualidade, participação ativa na sociedade e saúde preservada.
Ela lembrou que o Brasil é o país que mais rapidamente está envelhecendo no mundo. A expectativa de vida passou de 54 para 76 anos nas últimas quatro décadas, mas isso não significa que todos tenham acesso igualitário à saúde. “Envelhecer rico já é difícil; envelhecer pobre é o pior destino, marcado por solidão e abandono”, afirmou Dalcolmo.
A acadêmica também destacou que o envelhecimento ocorre em meio a desigualdades e desafios, como mudanças climáticas, violência urbana e falta de preparo familiar e profissional. Segundo ela, “o maior recurso natural do Brasil é sua população, especialmente os idosos ativos, que podem ser um motor de desenvolvimento”.
No evento, outros especialistas abordaram questões práticas do envelhecimento. O acadêmico Jair de Carvalho e Castro falou sobre problemas auditivos comuns entre idosos e que podem levar ao isolamento social. “O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem devolver a comunicação e a dignidade do idoso”, disse, lembrando que aparelhos auditivos e acompanhamento médico podem mudar a vida de quem sofre com perda de audição.
Já o acadêmico Oswaldo Moura Brasil trouxe informações sobre problemas de visão mais frequentes, como catarata, glaucoma e degeneração macular. “Exames regulares ajudam a detectar problemas cedo e manter a qualidade de vida”, explicou, destacando que hábitos simples, como evitar o tabagismo e cuidar da alimentação, podem fazer grande diferença.
Nos comentários finais, os acadêmicos José Augusto da Silva Messias e Ronaldo Damião reforçaram a importância de preparar as futuras gerações para lidar com o envelhecimento, valorizando a solidariedade, a troca de experiências entre jovens e idosos e o cuidado como valor humano.
Dalcolmo encerrou lembrando que envelhecer bem depende mais do ambiente e do cuidado que se recebe do que da genética. “A longevidade é um direito de todos, não privilégio de poucos, e precisamos construir uma cultura de cuidado para envelhecer com dignidade e qualidade de vida”, concluiu.