Hepatite B: 60 anos de descobertas, avanços e esperança de cura

28/08/2025

A Academia Nacional de Medicina reuniu, nesta quinta-feira (28), um time de especialistas para refletir sobre seis décadas de descobertas da hepatite B. No encontro “Hepatite B: da infecção ao carcinoma hepatocelular – 60 anos da descoberta do vírus”, organizado pelo acadêmico Carlos Eduardo Brandão, a presidente da ANM, Eliete Bouskela, abriu os trabalhos, seguidos pelos debatedores José Galvão-Alves, José Augusto Messias e o membro do Programa Jovens Líderes Médicos João Marcello de Araújo Neto.

Simpósio “Hepatite B: da infecção ao carcinoma hepatocelular – 60 anos da descoberta do vírus”

Em sua apresentação, professor Brandão lembrou que a descoberta do vírus da hepatite B, feita pelo pesquisador e Nobel Baruch Blumberg, revolucionou a medicina. “Blumberg identificou, quase por acaso, uma proteína presente no soro de diferentes populações, que mais tarde se revelou o antígeno da hepatite B. Essa conquista abriu caminho para diagnósticos precisos e para o desenvolvimento da vacina”, explicou.

Acadêmico Carlos Eduardo Brandão fala sobre os avanços na prevenção e tratamento da hepatite B em simpósio

Apesar dos avanços, a hepatite B continua sendo uma preocupação global. Estima-se que 250 milhões de pessoas no mundo estejam infectadas, e no Brasil cerca de 1,1 milhão de pessoas convivem com o vírus, mas apenas uma pequena parcela recebe tratamento adequado. “A vacinação é nossa melhor arma, mas sua cobertura caiu nos últimos anos. Precisamos garantir que mais crianças e adultos estejam imunizados”, alertou o acadêmico.

O encontro também destacou os progressos no tratamento. Novos medicamentos, como o tenofovir alafenamida (TAF) e o Bulevirtide, têm mostrado eficácia na supressão do vírus, mas a cura definitiva ainda é um desafio. “Nosso objetivo é chegar à cura funcional, com eliminação do vírus do organismo, algo que já conseguimos com a hepatite C”, afirmou Doutor João Marcello de Araújo Neto, reforçando a importância de pesquisa contínua e inovação.

A vacinação e a prevenção foram outro ponto central do debate. O acadêmico José Galvão-Alves lembrou que, desde a introdução da imunização universal em 1992, a incidência da doença caiu de forma expressiva em vários países. “Nos Estados Unidos, por exemplo, os casos caíram de 85 para apenas 1,5 por 100 mil habitantes. Mas a educação em saúde é essencial: a hepatite B se transmite principalmente pelo sangue e via sexual, e a proteção depende de informação, prevenção e vacinas”, destacou.

Mesa composta pelo membro do Programa Jovens Líderes Médicos João Marcello de Araújo Neto, os acadêmicos Carlos Eduardo Brandão e José Galvão-Alves, e a presidente da ANM, acadêmica Eliete Bouskela

Entre lembranças históricas e homenagens a mestres da hepatologia brasileira, os participantes reforçaram que, mesmo após seis décadas da descoberta, a hepatite B permanece um desafio de saúde pública, e que só será controlada com vacinação ampla, diagnóstico precoce e acesso ao tratamento. Como resumiu Brandão: “Temos as armas, mas precisamos usá-las de forma eficiente para proteger vidas”.

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