Jean Maurice Faivre

Jean Maurice Faivre nasceu em Combe Rallard, Jura, França, em 21 de setembro de 1795, e faleceu na Colônia Teresa Cristina, Paraná, em 30 de agosto de 1858. Foi um médico naturalista e maçom. Formou-se pela Faculdade de Paris e exerceu a profissão na França até os 30 anos. Mudou-se para o Brasil, em 1826, e trabalhou no Hospital Militar da Corte, no Rio de Janeiro, conquistando grande prestígio. Atuou como médico particular da Imperatriz Teresa Cristina, foi educador, sociólogo, filósofo e socialista. Em junho de 1829, ajudou a fundar a Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, que, 60 anos depois, passaria a se chamar Academia Nacional de Medicina.

Fundador da Colônia Teresa Cristina, no Paraná, foi amigo do Barão de Antonina, de Dom Pedro II, da Imperatriz Teresa Cristina e de Gustave Rumbelsperger (naturalista francês que participou da fundação da Colônia). Foi o idealizador da Comissão de Atendimento Gratuito aos Pobres.

Jean Maurice Faivre atendeu a Imperatriz Teresa Cristina, José Bonifácio e outros personagens importantes da Corte. Amigo pessoal de Dom Pedro II, este lhe conferiu a comenda da Imperial Ordem da Rosa e a comenda da Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, as duas no grau de Cavaleiro.

Em 1840, já com quarenta e cinco anos, apaixonou-se e casou-se com Anne Taulois, vinte e cinco anos mais jovem que ele. Ela era prima de 1º grau de Gustave Rumbelsperger, que viria a ser seu braço direito e melhor amigo. Em 28 de março de 1841, Anne entra em trabalho de parto e sua filha Marie nasce morta. Cerca de quarenta e quatro dias após, Anne falece. Este desenlace causa profunda dor e transtorno existencial ao Dr. Faivre.

Profundamente consternado pela morte da esposa e da filha, decidiu realizar viagens, visitando algumas províncias. Esteve, durante certo tempo, em Mato Grosso. O Ministro da Fazenda, Cândido José de Araújo Viana, o Visconde de Sapucaí, no final de 1841, nomeou Dr. Faivre para realizar um estudo sobre as águas termais de Caldas Novas e Caldas Velhas, em Goiás, as quais se diziam ter poderes curativos para a lepra. Depois de dois anos de estudos, Faivre chegou à conclusão de que tais águas não curavam a doença, mas que eram excelentes para alguns problemas de pele. Esteve, durante sua estadia naquele local, junto aos leprosos que vinham de todas as partes do país, pensando em se curar nas águas ditas milagrosas. Dr. Faivre estudou a lepra, enviando importantes trabalhos para a Academia de Medicina e para a França. Depois da morte de esposa e filha, das quais jamais se esqueceria, resolveu abandonar todas as diversões da Corte.

O sonho de fundar uma colônia agrícola nos moldes socialistas era antigo. Em suas viagens, conheceu João da Silva Machado, o futuro Barão de Antonina. Um latifundiário que gozava de prestigio onde era elemento de confiança do governo, e que foi um dos homens que trabalhou para a emancipação do Paraná. João da Silva Machado tornou-se seu amigo e, nas longas conversas que mantiveram, Jean Maurice Faivre se empolgou com as qualidades exuberantes das terras e as grandes possibilidades da exploração fluvial do Rio Ivaí. A convite do futuro Barão, Dr. Faivre visitou as terras tão decantadas. Sonhou, mais uma vez, e decidiu que seria nestas terras que fundaria a colônia. Seria para ele e para as pessoas que acreditavam nele, o verdadeiro eldorado e um local onde não existissem escravos, onde o índio seria civilizado sem passar pelo estágio de escravidão, onde houvesse felicidade e igualdade, uma concepção verdadeiramente socialista, sem ambições de riquezas pessoais, mas sim riqueza para todos. Faivre, então, retornou à França com a esperança de conseguir adeptos que o acompanhassem na sua aventura. A Imperatriz Teresa Cristina o apoiou, achando que a vinda de colonos da Europa para o Brasil seria muito interessante para o país, e, assim, lhe ofereceu seis contos de réis para pagar parte das despesas. Para juntar mais dinheiro, o Dr. Faivre vendeu todos os seus bens no Rio de Janeiro. Só não vendeu livros e instrumentos médicos. E, com 20 contos de réis, em maio de 1846, retornou à França. Durante a viagem, traçou o plano de fundação da Vila Agrícola Teresa Cristina, em homenagem à Imperatriz.

Na França, recrutou profissionais de diversas áreas e voltou ao Brasil com 72 pessoas. Desembarcaram no Porto de Antonina, passaram por Curitiba, Ponta Grossa, desceram o Rio Campinas Bellas, atualmente Ivaizinho, onde acamparam na foz, que deságua no Rio Ivaí, onde foi fundada a Colônia.

Em 1847, no Vale do Rio Ivaí, a Colônia Teresa Cristina se desenvolveu rapidamente graças a seus esforços. Muitas famílias brasileiras procuraram estabelecer-se nesta região, todos subordinados ao Dr. Faivre, cuja energia era espantosa. Foi o diretor moral e financeiro da Colônia e, ainda, mestre dos compatriotas. Todos tinham-lhe grande confiança e dedicavam-lhe sincera estima. Faivre deu andamento ao projeto durante 11 anos.

Doente, recomendou aos amigos, que após a morte dele, o sepultassem debaixo de uma árvore frondosa ao lado de uma fonte – fato que ocorreu no dia 30 de agosto de 1858, aos 63 anos, deixando para o cargo de Diretor, seu braço direito, Gustave Rumbelsperger.

Faivre foi humanitário e médico de prestígio, tanto na França, quanto no Brasil. Mesmo assim, optou pelos pobres, a quem medicava sem receber pagamento.

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