Simpósio da ANM discute Pancreatologia Moderna

23/11/2017

Aconteceu no último dia 23 de novembro, na Academia Nacional de Medicina, Simpósio sobre Pancreatologia Moderna, organizado pelo Acadêmico José Galvão-Alves. Entre os palestrantes presentes estavam os doutores Alexandre Pelossi e Simone Guaraldi, do INCA, e os Acadêmicos Glaciomar Machado e Paulo Hoff.

Na mesa Diretora do Simpósio, os Acadêmicos José Galvão-Alves, Jorge Alberto Costa e Silva (Presidente), Antonio Egidio Nardi e Ricardo Cruz

O Acadêmico Galvão-Alves iniciou a primeira rodada de palestras com o tema “Avanços no Manejo da Pancreatite Aguda”. Apresentou os índices da doença, que hospitaliza mais de 270 mil pessoas por ano e tem taxa de mortalidade de 5%. Ressaltou, ainda, que dentre as principais complicações da doença estão a Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica e a sepse, quando a resposta do corpo à infeção danifica seus próprios tecidos e órgãos.

Apontou como sintomas da doença dor abdominal intensa, elevação três vezes maior do nível de Lipase ou Amilase no organismo e anormalidade à tomografia computadorizada. Identificou ainda os graus de Pancreatite Aguda em leve (80% dos casos) – quando não há falência orgânica ou complicações locais; moderada, quando há complicação local e falência orgânica transitória, por um período inferior a 48h; e grave, quando a falência orgânica se mantém por mais de 48h.

Para finalizar, o Acadêmico indicou suporte nutricional, analgesia (para diminuição das dores) e alta hidratação venosa como melhor conduta terapêutica nas primeiras 24 horas. Apresentou os medicamentos adequados para o tratamento e demonstrou alguns casos clínicos, apresentando também as tomografias correspondentes.

Em palestra intitulada “Abordagem Endoscópica do Pseudocisto de Pâncreas”, o Dr. Alexandre Pelosi (INCA), apontou as diferenças entre Pancreatite Edematosa Intersticial e Pancreatite Necrosante, segundo a Classificação de Atlanta. Abordou também a pancreatite com pseudocisto, que ocorre em 10 a 20% das pancreatites agudas.

O médico comparou o índice de mortalidade em cirurgias precoces (58%) e tardias (21%), recomendando a postergação do tratamento em até no máximo quatro semanas. Demonstrou situações de risco para os pacientes, como Pseudoaneurisma de Artéria Esplênica, que ocorre em 10% das pancreatites; Tumores císticos do Pâncreas, que favorecem o pseudocisto, e a coexistência de pseudocisto e tumor. Dr. Pelosi apontou a tomografia e a ressonância magnética como os melhores métodos diagnósticos da doença e demonstrou o passo a passo do tratamento endoscópico em casos clínicos.

Em sua conclusão, indicou o uso do ultrassom endoscópico como método mais indicado e esclareceu que a técnica de drenagem transpapilar não funciona da mesma maneira para todo tipo de pseudocisto, sendo mais adequada para o tratamento de cistos menores. Apontou ainda que o tratamento endoscópico tem taxas de sucesso e complicações semelhantes ao tratamento cirúrgico convencional, com menor custo e tempo de internação.

O Acadêmico Glaciomar Machado palestrou sobre “Colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica (CPRE)” como método terapêutico em 2017. Demonstrou em caso clínico a técnica de Papilotomia Endoscópica, ainda recente, mas de alta indicação, em razão dos baixos índices de morbimortalidade. Apresentou os tipos de doenças pancreáticas que podem ser tratadas por endoscopia e os pontos positivos e negativos da intervenção endoscópica precoce.

Ao concluir sua apresentação, o Acadêmico abordou a evolução das técnicas utilizadas no tratamento de doenças do pâncreas e em que os avanços tecnológicos e a criação de novas ferramentas podem auxiliar no futuro da endoscopia.

Em seguida, a Dra. Simone Guaraldi (INCA) abordou o tema “Neoplasia Cística do Pâncreas – Uma Atualização”, onde demonstrou que, apesar da baixa incidência, o câncer de pâncreas tem altos índices de mortalidade. A ocorrência é rara antes dos 30 anos e atinge majoritariamente pacientes do sexo masculino. Por conta do diagnóstico tardio e de seu comportamento agressivo, é responsável por aproximadamente 4% do total de mortes por câncer, no Brasil.

A médica concluiu sua apresentação mencionando as formas de diagnóstico que considera mais efetivas; citou a Elastografia, Endomicroscopia, Ecoendoscopia com contraste e a Punção Ecoguiada como métodos avançados e eficientes que surgiram nos últimos dez anos. Apontou ainda a Micropinça de biópsia como grande auxiliar na decisão terapêutica.

Para abordar o tema “Pancreatite Autoimune”, o Acadêmico José Galvão-Alves explicou como surgiu o conceito de pancreatite autoimune e de que maneira a doença se manifesta, a partir da Síndrome do IgG4. Indicou os dois tipos da doença: o primeiro age de forma multissistêmica, atingindo principalmente os pacientes entre 50 e 60 anos; já o segundo tipo é um distúrbio específico do pâncreas e atinge pacientes mais jovens, na faixa dos 16 anos.

O Acadêmico e organizador do Simpósio José Galvão-Alves em sua apresentação

Discorreu sobre os métodos diagnósticos indicados pela Associação Internacional de Pancreatologia, como a doença se apresenta em exames de imagem e as mudanças que ocorrem antes e depois da corticoterapia, terapêutica com corticosteroides sintéticos.

Ao finalizar sua conferência, o Acadêmico apresentou estudo realizado no Japão, que indica o tratamento com prednisona ou prednisolona como o mais eficaz para a Síndrome do IgG4, resultando em 98% de remissão da doença.

O Acadêmico Paulo Hoff apresentou palestra intitulada “Câncer de Pâncreas e seus Desafios”. Apontou as principais complicações do Adenocarcinoma pancreático: diagnóstico usualmente tardio, alta incidência de caquexia e tromboses, mais alta mortalidade entre os principais tumores (94% em cinco anos e 74% no primeiro ano) e índices de sobrevida sem diminuição significativa nos últimos quarenta anos.

O Acadêmico classificou os tipos de câncer em localizado, localmente avançado e metastático, e apresentou os índices de sobrevida, em cinco anos, para cada um dos casos: 24,1% na doença localizada, 9% na doença localmente avançada e 2% na doença metastática. Apontou a cirurgia como única medida curativa, ainda que somente 15 a 20% dos pacientes sejam potencialmente ressecáveis, e a quimioterapia como tratamento adjuvante para pacientes não metastáticos.

Ao concluir sua palestra, o Acadêmico demonstrou a evolução dos medicamentos para câncer de pâncreas durante os últimos dez anos, comentando a validade da Terapia Molecular no combate à doença e os avanços alcançados pelo tratamento. Por fim, expressou uma perspectiva positiva a respeito do progresso em recursos terapêuticos.

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