Academia Nacional de Medicina aborda tema Universidades Públicas e o Futuro da Saúde em Simpósio

23/05/2019

A Academia Nacional de Medicina, que em 2019 completa 190 anos, realizou, na última quinta-feira (23), Sessão científica especial, com o objetivo de discutir o futuro da Saúde no Brasil sob a ótica das Universidades públicas. A instituição, que tem como missão estatutária responder às perguntas do Governo sobre assuntos que concernem à Saúde Pública, reuniu alguns de seus ilustres membros em Simpósio organizado pela Diretoria do biênio 2017-2019 e que terá como resultado a redação de um documento oficial da Academia Nacional de Medicina sobre o tema.

Durante o debate, os Acadêmicos Ricardo Cruz, Antonio Nardi, Marcelo Morales e Walter Zin na mesa diretora do Simpósio

O Acadêmico Jerson Lima da Silva, que é também presidente da Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) abordou o financiamento a nível estadual, destacando os principais avanços da ciência e tecnologia no Brasil na última década, chamando atenção para o fato de que o Rio de Janeiro responde por 11,5% dos programas de excelência na pós-graduação do país, sendo o segundo maior produtor de conhecimento do país. Sobre os principais desafios para a ciência no estado, chamou atenção para a gestão dos recursos de auxílios devidos e contratados, ressaltando que a liberação de recursos do orçamento deverá ser feita de forma planejada. Abordou também desenvolvimento de parcerias tanto com o governo federal quanto com empresas privadas, a fim de alavancar a inovação em áreas estratégicas; a estimulação do desenvolvimento de startups e o fortalecimento e estabelecimento de Redes de Pesquisa.

Discorrendo sobre “A Academia Nacional de Medicina como Protagonista”, o Acad. José Osmar Medina destacou a importância de que a instituição funcione como parlamento, afirmando que em momentos de crise e incerteza organizações do chamado Terceiro Setor ganham ainda mais visibilidade, por se tratar de uma ponte entre os interesses e necessidades da sociedade e as demais esferas políticas e institucionais. Na sequência abordou diferentes temas que podem se encaixar na esfera de atuação da ANM, dando exemplos como a interface da discussão sobre armas de fogo e a saúde doméstica. Por fim, se debruçou sobre a análise do cenário internacional, discorrendo sobre temas como migrações forçadas e sua associação com a saúde global, ressaltando que o cenário de instabilidade generalizada se apresenta como uma janela de oportunidade de ação para a Academia Nacional de Medicina.

Na sequência, coube ao Acadêmico Paulo Buss discutir “Os Institutos de Pesquisa Federais e a formação de Especialistas, Mestres e Doutores”. Adotando uma abordagem generalista, a fim de situar o tema dentro do panorama econômico, social e político do Brasil contemporâneo, o Acadêmico ressaltou que a ciência possui papel determinante no auxílio ao desenvolvimento e a superação da pobreza, destacando a importância deste marcador para a saúde das pessoas. Analisando os efeitos das políticas de contingenciamento, chamou atenção para o fato de que os cortes representam um “ataque ao coração” da máquina de produção de conhecimento para superação dos problemas históricos do país, destacando que os ataques à ciência e educação brasileiras podem afetar definitivamente a produção de conhecimento no Brasil.

Na sequência, discorrendo sobre “Instituições Privadas como Centros de Ensino”, o Acadêmico Raul Cutait fez um resumo histórico sobre o ensino médico no Brasil, chamando atenção para o fato de que o perfil das faculdades de medicina do país vem mudando ao longo dos anos, com um aumento exponencial no número de instituições privadas credenciadas pelo MEC. Apontando os principais desafios associados a esse aumento, ressaltou que o mesmo só será benéfico desde que venha associado a uma proposta de currículo apropriada, a existência de recursos financeiros disponíveis para investimentos, a contratação de corpo docente qualificado e dentro da obrigatoriedade de número proporcional de mestres e doutores, além da afiliação com instituições reconhecidamente competentes, incluindo hospitais e redes de atendimento básico. Ao final de sua apresentação, afirmou que a vida acadêmica não se restringe unicamente ao ambiente universitário e que a qualidade acadêmica está relacionada ao trinômio recursos, corpo docente e infraestrutura.

Na última etapa do Simpósio, coube ao Acadêmico Marcelo Morales apresentar conferência intitulada “Saúde, Ciência e Tecnologia: Diagnóstico, Propostas e Soluções no Cenário Atual de Contingenciamentos”, na qual apresentou o ciclo de planejamento de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) no país, que inclui as políticas, estratégias e planos setoriais de CT&I. Ressaltou que alguns dos principais desafios no desenvolvimento de estratégias nesse campo incluem posicionar o brasil entre os países de atuação destacada em CT&I, aprimorar as condições institucionais para elevar a produtividade a partir da produção, redução das assimetrias regionais na produção e no acesso à CT&I, fortalecimento das bases para a promoção de um desenvolvimento sustentável e o desenvolvimento de soluções inovadoras para a inclusão produtiva e social.

Na sequência da conferência, foi realizada rodada de debates visando a elaboração de um documento oficial da Academia Nacional de Medicina acerca do tema do Simpósio, a ser redigido pela comissão formada pelos Acadêmicos José Gomes Temporão, Jerson Lima da Silva e Marcelo Marcos Morales. Da discussão, participaram os Acadêmicos Marcello André Barcinski, José Carlos do Valle, Walter Araujo Zin, Jerson Lima da Silva e Ronaldo Damião, fazendo importantes colocações e deliberações sobre o tema, que foi considerado um tema “em constante construção”, tendo em vista a intensa dinâmica da comunidade acadêmica e científica brasileira.

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