Gripe em idosos: riscos, prevenção e a importância da vacinação — alerta da Academia Nacional de Medicina
22/05/2025
As infecções respiratórias agudas, como a gripe (influenza), são muito mais do que simples incômodos sazonais. Elas estão entre as maiores causas de internações e mortes na população idosa, principalmente por agravamentos como pneumonia e síndrome respiratória aguda grave. Dados recentes do Ministério da Saúde apontam que as internações de idosos por gripe aumentaram 189% em 2024, com um crescimento de 157% nas mortes. A taxa de letalidade nessa faixa etária ultrapassa 21%.
O especialista em Infectologia Celso Ramos, também membro titular da Academia Nacional de Medicina, chama atenção para a gravidade que a gripe pode ter nesse público. “A gripe influenza tem uma característica muito agressiva: ela provoca necrose do epitélio respiratório. A mucosa que reveste a traqueia e os brônquios fica literalmente ‘nua'”, explica. Esse dano torna as vias respiratórias extremamente vulneráveis, facilitando a instalação de pneumonias, complicações bacterianas e quadros respiratórios graves.
Ele reforça que, diferentemente de um resfriado — que atinge basicamente as vias aéreas superiores e é autolimitado —, a gripe é uma infecção que pode comprometer as vias aéreas inferiores, levando a sintomas mais intensos como tosse persistente, mal-estar acentuado, febre (embora nem sempre presente) e elevado risco de desfechos graves, especialmente em grupos vulneráveis.
Impacto social e econômico invisível, mas relevante
Além das complicações clínicas, Celso Ramos alerta para o impacto social pouco discutido dessas infecções.
“Elas são uma das principais causas de absenteísmo no trabalho e nas escolas. E, no caso dos idosos, além da própria saúde, existe o peso emocional e econômico para as famílias e para o sistema de saúde”, afirma.
Ação de prevenção na ANM: Vacina Efluelda®
Ciente desse cenário, a Academia Nacional de Medicina promoveu, nesta quinta-feira (22), uma ação voltada à imunização de seus membros, que são, em sua maioria, profissionais na faixa etária mais vulnerável. Em parceria com o Laboratório Richet, os acadêmicos receberam doses da vacina Efluelda®, indicada para a prevenção da influenza A e B.
A presidente da ANM, Eliete Bouskela, destacou a importância da iniciativa:
“A Academia Nacional de Medicina agradece a gentileza feita pelo Laboratório Richet, que proporcionou a vacinação contra a gripe de alta cobertura (Efluelda®) de todos os seus membros nas dependências da Academia. Além da gentileza e da comodidade que este gesto representa, a vacinação contra gripe no nosso grupo etário é muito importante na prevenção de quadros mais severos da doença. Mais uma vez, obrigado!”, declarou.
Por que a Efluelda® faz diferença para idosos?
A vacina aplicada, Efluelda®, é uma tetravalente, inativada e fragmentada, desenvolvida especificamente para pessoas a partir de 60 anos, além de pacientes oncológicos e imunossuprimidos. Seu diferencial está na concentração: contém quatro vezes mais antígenos do que as vacinas convencionais, oferecendo uma resposta imune mais robusta para quem tem, naturalmente, uma imunidade mais baixa.
Isso é fundamental, como explica o Professor Celso Ramos, pois os idosos respondem menos eficientemente às vacinas padrão.
“Naturalmente, nenhuma dessas vacinas tem eficácia de 100%, especialmente nas populações mais vulneráveis, que, por sua própria condição, respondem menos às vacinas. No entanto, isso não significa que elas não devam ser feitas — muito pelo contrário.”
Reflexão necessária sobre prevenção e vida
Professor Celso Ramos encerra com uma reflexão que transcende a técnica médica:
“No fim das contas, todos nós morreremos de alguma coisa. A vida é assim. A luta da medicina é para prolongar a vida, melhorar a qualidade dela e evitar sofrimentos desnecessários. A vacinação é uma das ferramentas mais poderosas que temos para isso.”
Diante desse cenário, fica o chamado: prevenção é ato de cuidado, responsabilidade e amor à vida.
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