Hilário Soares de Gouvêa

O Dr. Hilário Soares de Gouvêa nasceu na cidade de Caeté, em Minas Gerais, no dia 23 de setembro de 1843. Era filho de Lucas Soares de Gouvêa e Inácia Carolina Soares de Gouvêa. Casou-se com Rita de Cássia Nabuco de Araújo, irmã do diplomata e político Joaquim Nabuco.

Doutorou-se em 1866 com a tese intitulada “Do glaucoma: dos sucos digestivos, estudo chimico-pharmacológico sobre a strychinina, veratrina e brucina, operações reclamadas pelos tumores hemorroidaes”.

Após formar-se em medicina, morou um ano em Paris e quatro em Heidelberg. Na Universidade de Heidelberg, onde revalidou seu diploma, realizou estudos especiais sobre as moléstias dos olhos, foi estagiário e depois chefe de clínica naquela universidade, e partilhou da convivência com Friedrich Wilhelm Ernst Albrecht von Graefe (1828-1870), oftalmologista alemão considerado o fundador da oftalmologia científica.

Ao retornar a seu país de origem, em 1870, Hilário Soares de Gouvêa passou a se dedicar à clínica na área de oftalmologia e de otorrinolaringologia. Realizou consultas e operações em seu consultório particular, denominado Consultório Oculistico do Dr. Hilário de Gouvêa, onde também funcionava o curso público de moléstias de olhos no seu Instituto Oftalmológico. Este instituto funcionava na Casa de Saúde de Nossa Senhora da Ajuda, de propriedade de Manoel Joaquim Fernandes Eiras.

Desde o ano de 1873 integrou, como oculista, o quadro médico da Casa de Saúde de Santa Thereza. Observou diversos distúrbios e enfermidades relacionadas à visão, como a relação entre os distúrbios da nutrição com a xeroftalmia e a cegueira noturna, a destruição de córneas (ceratomalacia), e a prevenção da cegueira. Registrou, em 1869, seu primeiro caso de xerosis conjunctivae bulbi de desfecho fatal, enfermidade esta anteriormente denominada por Manoel da Gama Lobo de ophtalmia brasiliana, ao relacioná-la com o clima.

Foi designado em 5 de julho de 1881 para reger, a título provisório, a recém criada cadeira de clínica oftalmológica na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e em fevereiro de 1883 prestou concurso para a mesma disciplina, tendo sido aprovado. Em 6 de março de 1883 foi nomeado lente proprietário desta disciplina, cargo este que ocupou até o ano de 1895.

Na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro integrou a primeira Comissão Redatora da Revista dos Cursos Práticos e Theoricos, revista bimestral daquela instituição criada pelo decreto nº 9.311, de 25/10/1884.

Foi médico do consultório oftalmológico do Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro. Fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, que foi inaugurada em 14 de fevereiro de 1886. Nesta sociedade também foi 2º Secretário (1887/1888), Redator do Boletim, 1º Secretário (1892), Vice-Presidente (1894) e Presidente (1888, 1889 e 1893).

No 1º Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia, realizado em 1888 no Rio de Janeiro, Hilário Soares de Gouvêa ocupou lugar na mesa diretora no cargo de 1º vice-presidente, ficando a presidência para Lucas Antônio de Oliveira Catta Preta, apresentando o trabalho intitulado “Maturação artificial das cataratas”. Presidiu ainda o 2º Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia (Rio de janeiro, 1889), no qual proferiu um discurso fazendo críticas à política sanitária e à política de formação de profissionais de medicina, conduzidas pelo governo Imperial, destacando que pouco havia sido feito em relação à higiene pública.

No ano de 1888 fundou a Revista Brazileira de Ophtalmologia. Integrou, desde 1888, o corpo de médicos efetivos do Hospital da Sociedade Portuguesa de Beneficência.

Em 1893, Hilário Soares de Gouvêa organizou, seguindo o modelo de assistência a feridos de guerra da Cruz Vermelha, uma comissão que prestou socorros médicos durante a Revolta da Armada (1893-1894) e a Revolução Federalista do Rio Grande do Sul (1893-1895). Devido a sua participação nestes eventos e a sua posição contrária a Floriano Peixoto, então Presidente da República, Hilário Soares de Gouvêa foi acusado de prestar auxílio aos rebeldes, sendo encarcerado na Casa de Correção e depois removido para um prédio improvisado como prisão de presos políticos, na rua do Catete, cidade do Rio de Janeiro. Conseguiu fugir da prisão, abrigou-se em uma casa na rua Paissandu, pertencente a uma família inglesa de suas relações de amizade. Em seguida solicitou asilo ao Encarregado de Negócios da França, tendo seu pedido deferido, e assim foi autorizado a embarcar na fragata “Arethuse”, da Divisão Naval francesa. Depois embarcou no paquete “Brésil”, que seguia para a cidade Buenos Aires, de onde rumou para a Europa, fazendo uma escala no Rio de Janeiro para buscar sua família. Hilário Soares de Gouvêa chegou à Paris em 1º de dezembro de 1893, onde, por exigência da legislação francesa, prestou exame em algumas matérias do curso médico, como condição para poder clinicar. Após o cumprimento desta exigência, defendeu, em 1895, uma tese intitulada “La distomose pulmonaire par la douve du foie”. Ainda em Paris fez um curso no Instituto Pasteur e um outro de otorrinolaringologia, área que posteriormente se tornaria sua especialidade.

Ao retornar ao Brasil, em 1899, solicitou sua recondução ao cargo de catedrático de clínica oftalmológica, na então Faculdade de Medicina e Farmácia do Rio de Janeiro.

Em 7 de outubro de 1899, colegas e amigos de Hilário Soares de Gouvêa, aproveitando seu retorno após longa estadia na Europa, promoveram um banquete em sua homenagem na Pensão Beethoven, que funcionava na rua da Glória, nº 62. Nesta ocasião discursaram Carlos Pinto Seidl e outros oradores, e entre estes discursos destacou-se o de Cypriano de Souza Freitas, lente de anatomia patológica na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, que além de saudar o colega, ressaltou o quadro grave de tuberculose na cidade e a necessidade de um órgão específico para cuidar do combate a esta enfermidade. Atendendo ao apelo do colega, Hilário Soares de Gouvêa organizou uma reunião na Academia Nacional de Medicina , na qual aquela proposta foi apresentada e aprovada, e foi constituída uma comissão, composta de 25 membros, designada para estruturar o órgão proposto, ou seja, a Liga Brasileira contra a Tuberculose.

Nesta reunião, que contou também com a presença de Cypriano de Souza Freitas, Antonio Pereira Leitão, Ismael da RochaCarlos Pinto Seidl entre outros, foi lavrada uma ata sobre a fundação da Liga Brasileira contra a Tuberculose (atual Fundação Ataulpho de Paiva), e em 4 de agosto foi lavrada sua ata de instalação em uma sessão solene na Academia Nacional de Medicina. Na definição da primeira diretoria da Liga, Hilário Soares de Gouvêa foi designado seu Secretário Perpétuo.

Foi eleito membro titular da Academia Nacional de Medicina em 1899 e é Patrono da Cadeira No. 73. Apresentou na Academia Nacional de Medicina um plano de estudos, que poderia fundamentar a elaboração da Lei Orgânica do Ensino Superior. Esta Lei foi aprovada por meio dos decretos nº 8.659 e nº 8.661, de 05/04/1911, pelo Presidente Hermes da Fonseca e referendada pelo Ministro do Estado da Justiça e Negócios Interiores Rivadávia da Cunha Corrêa, e ficou conhecida como Lei Rivadávia Corrêa.

Integrou várias associações científicas, tanto nacionais quanto estrangeiras, como a Société d´Ophtalmologie de Paris. Participou da Cruz Vermelha Brasileira, fundada em 5 de dezembro de 1908. Em 1910, assumiu a direção da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, cargo que exerceu até 1911. Foi, também, Lente Catedrático da Cadeira de Otorrinolaringologia da mesma faculdade.

Em 1922 foi um dos fundadores, e primeiro presidente, da Sociedade Brasileira de Oftalmologia. Recebeu os títulos de Comendador da Ordem da Rosa e de Cavalheiro de Cristo de Portugal.

Em sua homenagem, uma rua no bairro de Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro, foi batizada com o seu nome.

Devido a complicações de saúde, principalmente por sua diabete, faleceu no Rio de Janeiro em 25 de outubro de 1923.

Informações do Acadêmico

Número acadêmico: 199

Cadeira: 73 - Hilário Soares de Gouvêa

Cadeira homenageado: 73

Membro: Titular

Secção: Cirurgia

Eleição: 19/11/1899

Posse: 19/11/1899

Sob a presidência: Antonio José Pereira da Silva Araújo

Falecimento: 25/10/1923

Informações do Acadêmico

Número acadêmico: 199

Cadeira: 73 - Hilário Soares de Gouvêa

Cadeira homenageado: 73

Membro: Titular

Secção: Cirurgia

Eleição: 19/11/1899

Posse: 19/11/1899

Sob a presidência: Antonio José Pereira da Silva Araújo

Falecimento: 25/10/1923

O Dr. Hilário Soares de Gouvêa nasceu na cidade de Caeté, em Minas Gerais, no dia 23 de setembro de 1843. Era filho de Lucas Soares de Gouvêa e Inácia Carolina Soares de Gouvêa. Casou-se com Rita de Cássia Nabuco de Araújo, irmã do diplomata e político Joaquim Nabuco.

Doutorou-se em 1866 com a tese intitulada “Do glaucoma: dos sucos digestivos, estudo chimico-pharmacológico sobre a strychinina, veratrina e brucina, operações reclamadas pelos tumores hemorroidaes”.

Após formar-se em medicina, morou um ano em Paris e quatro em Heidelberg. Na Universidade de Heidelberg, onde revalidou seu diploma, realizou estudos especiais sobre as moléstias dos olhos, foi estagiário e depois chefe de clínica naquela universidade, e partilhou da convivência com Friedrich Wilhelm Ernst Albrecht von Graefe (1828-1870), oftalmologista alemão considerado o fundador da oftalmologia científica.

Ao retornar a seu país de origem, em 1870, Hilário Soares de Gouvêa passou a se dedicar à clínica na área de oftalmologia e de otorrinolaringologia. Realizou consultas e operações em seu consultório particular, denominado Consultório Oculistico do Dr. Hilário de Gouvêa, onde também funcionava o curso público de moléstias de olhos no seu Instituto Oftalmológico. Este instituto funcionava na Casa de Saúde de Nossa Senhora da Ajuda, de propriedade de Manoel Joaquim Fernandes Eiras.

Desde o ano de 1873 integrou, como oculista, o quadro médico da Casa de Saúde de Santa Thereza. Observou diversos distúrbios e enfermidades relacionadas à visão, como a relação entre os distúrbios da nutrição com a xeroftalmia e a cegueira noturna, a destruição de córneas (ceratomalacia), e a prevenção da cegueira. Registrou, em 1869, seu primeiro caso de xerosis conjunctivae bulbi de desfecho fatal, enfermidade esta anteriormente denominada por Manoel da Gama Lobo de ophtalmia brasiliana, ao relacioná-la com o clima.

Foi designado em 5 de julho de 1881 para reger, a título provisório, a recém criada cadeira de clínica oftalmológica na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e em fevereiro de 1883 prestou concurso para a mesma disciplina, tendo sido aprovado. Em 6 de março de 1883 foi nomeado lente proprietário desta disciplina, cargo este que ocupou até o ano de 1895.

Na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro integrou a primeira Comissão Redatora da Revista dos Cursos Práticos e Theoricos, revista bimestral daquela instituição criada pelo decreto nº 9.311, de 25/10/1884.

Foi médico do consultório oftalmológico do Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro. Fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, que foi inaugurada em 14 de fevereiro de 1886. Nesta sociedade também foi 2º Secretário (1887/1888), Redator do Boletim, 1º Secretário (1892), Vice-Presidente (1894) e Presidente (1888, 1889 e 1893).

No 1º Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia, realizado em 1888 no Rio de Janeiro, Hilário Soares de Gouvêa ocupou lugar na mesa diretora no cargo de 1º vice-presidente, ficando a presidência para Lucas Antônio de Oliveira Catta Preta, apresentando o trabalho intitulado “Maturação artificial das cataratas”. Presidiu ainda o 2º Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia (Rio de janeiro, 1889), no qual proferiu um discurso fazendo críticas à política sanitária e à política de formação de profissionais de medicina, conduzidas pelo governo Imperial, destacando que pouco havia sido feito em relação à higiene pública.

No ano de 1888 fundou a Revista Brazileira de Ophtalmologia. Integrou, desde 1888, o corpo de médicos efetivos do Hospital da Sociedade Portuguesa de Beneficência.

Em 1893, Hilário Soares de Gouvêa organizou, seguindo o modelo de assistência a feridos de guerra da Cruz Vermelha, uma comissão que prestou socorros médicos durante a Revolta da Armada (1893-1894) e a Revolução Federalista do Rio Grande do Sul (1893-1895). Devido a sua participação nestes eventos e a sua posição contrária a Floriano Peixoto, então Presidente da República, Hilário Soares de Gouvêa foi acusado de prestar auxílio aos rebeldes, sendo encarcerado na Casa de Correção e depois removido para um prédio improvisado como prisão de presos políticos, na rua do Catete, cidade do Rio de Janeiro. Conseguiu fugir da prisão, abrigou-se em uma casa na rua Paissandu, pertencente a uma família inglesa de suas relações de amizade. Em seguida solicitou asilo ao Encarregado de Negócios da França, tendo seu pedido deferido, e assim foi autorizado a embarcar na fragata “Arethuse”, da Divisão Naval francesa. Depois embarcou no paquete “Brésil”, que seguia para a cidade Buenos Aires, de onde rumou para a Europa, fazendo uma escala no Rio de Janeiro para buscar sua família. Hilário Soares de Gouvêa chegou à Paris em 1º de dezembro de 1893, onde, por exigência da legislação francesa, prestou exame em algumas matérias do curso médico, como condição para poder clinicar. Após o cumprimento desta exigência, defendeu, em 1895, uma tese intitulada “La distomose pulmonaire par la douve du foie”. Ainda em Paris fez um curso no Instituto Pasteur e um outro de otorrinolaringologia, área que posteriormente se tornaria sua especialidade.

Ao retornar ao Brasil, em 1899, solicitou sua recondução ao cargo de catedrático de clínica oftalmológica, na então Faculdade de Medicina e Farmácia do Rio de Janeiro.

Em 7 de outubro de 1899, colegas e amigos de Hilário Soares de Gouvêa, aproveitando seu retorno após longa estadia na Europa, promoveram um banquete em sua homenagem na Pensão Beethoven, que funcionava na rua da Glória, nº 62. Nesta ocasião discursaram Carlos Pinto Seidl e outros oradores, e entre estes discursos destacou-se o de Cypriano de Souza Freitas, lente de anatomia patológica na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, que além de saudar o colega, ressaltou o quadro grave de tuberculose na cidade e a necessidade de um órgão específico para cuidar do combate a esta enfermidade. Atendendo ao apelo do colega, Hilário Soares de Gouvêa organizou uma reunião na Academia Nacional de Medicina , na qual aquela proposta foi apresentada e aprovada, e foi constituída uma comissão, composta de 25 membros, designada para estruturar o órgão proposto, ou seja, a Liga Brasileira contra a Tuberculose.

Nesta reunião, que contou também com a presença de Cypriano de Souza Freitas, Antonio Pereira Leitão, Ismael da RochaCarlos Pinto Seidl entre outros, foi lavrada uma ata sobre a fundação da Liga Brasileira contra a Tuberculose (atual Fundação Ataulpho de Paiva), e em 4 de agosto foi lavrada sua ata de instalação em uma sessão solene na Academia Nacional de Medicina. Na definição da primeira diretoria da Liga, Hilário Soares de Gouvêa foi designado seu Secretário Perpétuo.

Foi eleito membro titular da Academia Nacional de Medicina em 1899 e é Patrono da Cadeira No. 73. Apresentou na Academia Nacional de Medicina um plano de estudos, que poderia fundamentar a elaboração da Lei Orgânica do Ensino Superior. Esta Lei foi aprovada por meio dos decretos nº 8.659 e nº 8.661, de 05/04/1911, pelo Presidente Hermes da Fonseca e referendada pelo Ministro do Estado da Justiça e Negócios Interiores Rivadávia da Cunha Corrêa, e ficou conhecida como Lei Rivadávia Corrêa.

Integrou várias associações científicas, tanto nacionais quanto estrangeiras, como a Société d´Ophtalmologie de Paris. Participou da Cruz Vermelha Brasileira, fundada em 5 de dezembro de 1908. Em 1910, assumiu a direção da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, cargo que exerceu até 1911. Foi, também, Lente Catedrático da Cadeira de Otorrinolaringologia da mesma faculdade.

Em 1922 foi um dos fundadores, e primeiro presidente, da Sociedade Brasileira de Oftalmologia. Recebeu os títulos de Comendador da Ordem da Rosa e de Cavalheiro de Cristo de Portugal.

Em sua homenagem, uma rua no bairro de Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro, foi batizada com o seu nome.

Devido a complicações de saúde, principalmente por sua diabete, faleceu no Rio de Janeiro em 25 de outubro de 1923.

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