Ignácio Bueno de Miranda

O Dr. Ignácio Bueno de Miranda nasceu em Campinas, São Paulo em 16 de outubro de 1888, filho de Francisco Bueno de Miranda e de D. Amélia Alves Bueno.

Clinicou no Rio de Janeiro até 1904, quando se transferiu para São Paulo.

Solicitou inscrição para ser admitido na Academia Nacional de Medicina e foi designado como relator o Acadêmico Ismael da Rocha, que apresentou parecer favorável.

Eleito para vaga de Membro Titular da Academia Nacional de Medicina, em 20 de junho de 1895, com tese intitulada: “Influência das lesões naso-faringeanas sobre os órgãos circunvizinhos e sobre o organismo em geral. ”

Foi 2º Secretário da Academia Nacional de Medicina na Gestão de 1897/1898.

O Dr. Ignácio Bueno de Miranda foi um dos mais antigos otorrinolaringologistas da capital paulista e dedicado Diretor da Policlínica de São Paulo.

Nas sociedades médicas foram-lhe prestadas sentidas homenagens: na Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, usou da palavra a   Profª. Paula Santos; na Associação Paulista de Medicina (Secção de otorrinaringologia), o Dr. Raphael da Nova pronunciou a seguinte oração: “Por determinação do Sr. Presidente, venho dizer-vos duas palavras sobre o nosso colega Dr. Bueno de Miranda, que a morte, num movimento brusco e inesperado, acaba de arrebatar ao nosso meio. Decano da especialidade, nunca recusou o concurso esclarecido da larga experiência nos debates que aqui se feriam, sempre cavalheiresco, sempre retemperado de um são optimismo, jovial e gracioso, a pôr uma nota alegre na aridez dos factos prosaicos da ciência.

Amigo da vida, apreciando na justa medida os dons que a tornam apetecida na esfera do espirito, cultivava a pintura, amava a música, era o assistente infalível do teatro, das conferencias cientificas ou literárias, da última fita do cinema. Cultuava a lealdade com ardor, naturalmente e sem affectação. Dizem-me amigos seus que jamais lhe ouviram imprecações contra as injustiças da sorte e dos homens. A sua boca nunca se abriu para a maledicência. Nem sequer lançavam chispas da ironia sobre a capacidade dos oficiais do mesmo ofício.

Vós que bem conheceis o que se tem dito, de mordaz “Invidia Medicorum” e que já ouvistes dizer que “é ás vezes injuria grave possuir clínica, de extenso raio”, na expressão gongórica de Francisco de Castro, não podereis recusar a este homem, que palmilhou a vida, afrontando por vezes as mais graves injurias da maldade humana, a mesma admiração, o mesmo respeito que se tributam a aquelas criaturas, que atravessam a existência, isoladas pelo seu burel de franciscanos, contra a mentira, a felonia, a duplicidade, que são as cartas de corso para a conquista das altas posições, na política, na administração e ás vezes mesmo, nas carreiras liberais, ao diluir-se sua alma, já ás portas da agonia, era a Policlínica que lhe povoava o vazio do cérebro. Essa escola de caridade, tão mal compreendida pelo nosso meio social, anda sempre a debater-se nas vascas da penúria. Bueno de Miranda por vezes ultimamente pedira socorro para que se evitasse fechar as portas. Pois ele antes de cerrar os olhos para sempre, sentou-se na cama fazendo menção de sair para renovar os apelos que já fizera em vão: um sentimento de caridade, de altruísmo, de amor do próximo foi o seu último pensamento.

Meus amigos, eu vos peço: de pé e guardai silencio por um minuto, para honrar tanta bondade.”

Faleceu em 15 de dezembro de 1932.

Informações do Acadêmico

Número acadêmico: 168

Membro: Titular

Eleição: 20/06/1895

Posse: 20/06/1895

Sob a presidência: João Baptista de Lacerda

Falecimento: 15/12/1932

Informações do Acadêmico

Número acadêmico: 168

Membro: Titular

Eleição: 20/06/1895

Posse: 20/06/1895

Sob a presidência: João Baptista de Lacerda

Falecimento: 15/12/1932

O Dr. Ignácio Bueno de Miranda nasceu em Campinas, São Paulo em 16 de outubro de 1888, filho de Francisco Bueno de Miranda e de D. Amélia Alves Bueno.

Clinicou no Rio de Janeiro até 1904, quando se transferiu para São Paulo.

Solicitou inscrição para ser admitido na Academia Nacional de Medicina e foi designado como relator o Acadêmico Ismael da Rocha, que apresentou parecer favorável.

Eleito para vaga de Membro Titular da Academia Nacional de Medicina, em 20 de junho de 1895, com tese intitulada: “Influência das lesões naso-faringeanas sobre os órgãos circunvizinhos e sobre o organismo em geral. ”

Foi 2º Secretário da Academia Nacional de Medicina na Gestão de 1897/1898.

O Dr. Ignácio Bueno de Miranda foi um dos mais antigos otorrinolaringologistas da capital paulista e dedicado Diretor da Policlínica de São Paulo.

Nas sociedades médicas foram-lhe prestadas sentidas homenagens: na Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, usou da palavra a   Profª. Paula Santos; na Associação Paulista de Medicina (Secção de otorrinaringologia), o Dr. Raphael da Nova pronunciou a seguinte oração: “Por determinação do Sr. Presidente, venho dizer-vos duas palavras sobre o nosso colega Dr. Bueno de Miranda, que a morte, num movimento brusco e inesperado, acaba de arrebatar ao nosso meio. Decano da especialidade, nunca recusou o concurso esclarecido da larga experiência nos debates que aqui se feriam, sempre cavalheiresco, sempre retemperado de um são optimismo, jovial e gracioso, a pôr uma nota alegre na aridez dos factos prosaicos da ciência.

Amigo da vida, apreciando na justa medida os dons que a tornam apetecida na esfera do espirito, cultivava a pintura, amava a música, era o assistente infalível do teatro, das conferencias cientificas ou literárias, da última fita do cinema. Cultuava a lealdade com ardor, naturalmente e sem affectação. Dizem-me amigos seus que jamais lhe ouviram imprecações contra as injustiças da sorte e dos homens. A sua boca nunca se abriu para a maledicência. Nem sequer lançavam chispas da ironia sobre a capacidade dos oficiais do mesmo ofício.

Vós que bem conheceis o que se tem dito, de mordaz “Invidia Medicorum” e que já ouvistes dizer que “é ás vezes injuria grave possuir clínica, de extenso raio”, na expressão gongórica de Francisco de Castro, não podereis recusar a este homem, que palmilhou a vida, afrontando por vezes as mais graves injurias da maldade humana, a mesma admiração, o mesmo respeito que se tributam a aquelas criaturas, que atravessam a existência, isoladas pelo seu burel de franciscanos, contra a mentira, a felonia, a duplicidade, que são as cartas de corso para a conquista das altas posições, na política, na administração e ás vezes mesmo, nas carreiras liberais, ao diluir-se sua alma, já ás portas da agonia, era a Policlínica que lhe povoava o vazio do cérebro. Essa escola de caridade, tão mal compreendida pelo nosso meio social, anda sempre a debater-se nas vascas da penúria. Bueno de Miranda por vezes ultimamente pedira socorro para que se evitasse fechar as portas. Pois ele antes de cerrar os olhos para sempre, sentou-se na cama fazendo menção de sair para renovar os apelos que já fizera em vão: um sentimento de caridade, de altruísmo, de amor do próximo foi o seu último pensamento.

Meus amigos, eu vos peço: de pé e guardai silencio por um minuto, para honrar tanta bondade.”

Faleceu em 15 de dezembro de 1932.

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