João Baptista de Lacerda

Presidente da Academia Nacional de Medicina 1893 a 1895

O Dr. João Baptista de Lacerda, que, por vezes também assinava Dr. Lacerda Filho, nasceu em Campos dos Goytacazes, no dia 12 de julho de 1846, filho do médico Dr. João Baptista de Lacerda e de Maria d’Assumpção Coni de Lacerda.

Doutorou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1870, apresentando a tese “Das indicações e contraindicações da digitalis no tratamento das moléstias dos aparelhos circulatório e respiratório”.

Foi empossado como Membro Titular da Academia Imperial de Medicina no dia 21 de abril de 1885, ocupou vários cargos na Diretoria da ANM, vindo a ser seu Presidente de 1893 a 1895. Em sessão de 3 de outubro de 1963, foi escolhido Patrono da Cadeira 87.

No Rio de Janeiro, o Dr. Baptista de Lacerda desempenhava suas funções tanto na Secção de Antropologia, Zoologia e Paleontologia do Museu Nacional, quanto em uma enfermaria do Hospital da Misericórdia. Nomeado Subdiretor da Secção em que trabalhava pelo Ministro da Agricultura, ele não conseguiu abrir mão da paixão crescente por seus estudos e pesquisas experimentais, e abandonou a Clínica.

Foi eleito subdiretor do Laboratório de Fisiologia Experimental, (único no Brasil durante muitos anos) e tornou-se, posteriormente, Diretor do Museu Nacional por vários anos.

Ao mesmo tempo em que ocupava estes cargos, foi Redator do Jornal do Commercio, Diretor da Revista Lux, tendo ainda outros títulos como: Professor Honorário da Universidade de Santiago do Chile; Membro Correspondente da Sociedade de Antropologia de Berlim, Paris e Florença, da Sociedade de Geografia de Lisboa e da Sociedade Médica Argentina.

Foi Vice-Presidente do Congresso Médico Pan-americano de Washington em 1893 e Presidente da Secção de Fisiologia do mesmo Congresso; Presidente Honorário do Congresso Médico Latino-Americano de Buenos Aires; e Membro da Comissão nomeada por esse Congresso para formular as bases de um Código Médico Internacional. 

O Dr. Baptista de Lacerda tinha Pasteur como modelo e era seguidor do método experimental e se tornou um dos primeiros bio-antropologistas brasileiros, sendo premiado, em 1878, com a medalha de bronze na exposição antropológica de Trocadero, em Paris, e na Exposição de Chicago, em virtude de seus trabalhos e estudos científicos acatados e respeitados nos centros mais cultos da Europa e da América

O Dr. Lacerda foi um dos primeiros ofiólogos brasileiros e fez pesquisas sobre venenos de anfíbios e batráquios próprios do Brasil, bem como sobre o curare, uma substância tóxica preparada e utilizada por nossos índios.

Ele descobriu a ação do permanganato de potássio como antídoto de venenos de ofídios demonstrando-a diante do Imperador D Pedro II, do Ministro da Agricultura e de vários cientistas e professores. Tal descoberta salvou a vida de milhares de pessoas antes da descoberta dos soros antiofídicos.

O Instituto Oswaldo Cruz tem muito orgulho da vacina preparada contra o carbúnculo sintomático (a manqueira) de Alcides Godoy, mas vale ressaltar que esta apenas sucedeu e substituiu a apresentada por Dr. Lacerda, que foi crucial para a observação de uma redução na mortalidade de gado em determinado local analisado, de 35% para 1% em um período de dois meses.

João Baptista de Lacerda, um dos principais expoentes da “tese do embranquecimento”, foi o cientista eleito para representar o Brasil no Congresso Universal das Raças (Londres, 1911). Esse congresso reuniu intelectuais do mundo todo para debater o tema do racialismo e da relação das raças com o progresso das civilizações. O Brasil, única nação latino-americana convidada, seria visto como exemplo de mistura de raças, e Baptista de Lacerda defenderia que políticas de imigração fariam com que mestiços embranquecessem e descendentes de negros passariam a ficar progressivamente mais brancos a cada nova prole gerada. Lacerda levou ao evento o artigo “Sur les métis au Brésil” (Sobre os mestiços do Brasil), em que defendia o fator da miscigenação como algo positivo, no caso brasileiro, por conta da sobreposição dos traços da raça branca sobre as outras, a negra e a indígena. Fato curioso na apresentação foi a exibição de uma cópia do quadro “A Redenção de Cam”, do pintor espanhol Modesto Brocos; nele, o autor interpreta à revelia o simbolismo bíblico propondo a diluição da cor negra na sucessão de descendentes e insere nessa sucessão a “redenção”, a “absolvição” de uma “raça amaldiçoada”. O “escurecimento” dos descendentes de Cam teria desembocado na raça negra africana, que poderia ser redimida por meio da mistura com a raça branca europeia.

Era irmão do Acadêmico Álvaro de Lacerda.

Ele faleceu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 6 de agosto de 1915, quinze dias após ter lido em Sessão desta Casa um trabalho sobre a Etiologia do Beribéri, o último que escreveria.

Informações do Acadêmico

Número acadêmico: 138

Cadeira: 87 - João Baptista de Lacerda

Cadeira homenageado: 87

Membro: Titular

Secção: Ciencias aplicadas à Medicina

Eleição: 21/04/1885

Posse: 21/04/1885

Sob a presidência: Agostinho José de Souza Lima

Falecimento: 06/08/1915

Informações do Acadêmico

Número acadêmico: 138

Cadeira: 87 - João Baptista de Lacerda

Cadeira homenageado: 87

Membro: Titular

Secção: Ciencias aplicadas à Medicina

Eleição: 21/04/1885

Posse: 21/04/1885

Sob a presidência: Agostinho José de Souza Lima

Falecimento: 06/08/1915

Presidente da Academia Nacional de Medicina 1893 a 1895

O Dr. João Baptista de Lacerda, que, por vezes também assinava Dr. Lacerda Filho, nasceu em Campos dos Goytacazes, no dia 12 de julho de 1846, filho do médico Dr. João Baptista de Lacerda e de Maria d’Assumpção Coni de Lacerda.

Doutorou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1870, apresentando a tese “Das indicações e contraindicações da digitalis no tratamento das moléstias dos aparelhos circulatório e respiratório”.

Foi empossado como Membro Titular da Academia Imperial de Medicina no dia 21 de abril de 1885, ocupou vários cargos na Diretoria da ANM, vindo a ser seu Presidente de 1893 a 1895. Em sessão de 3 de outubro de 1963, foi escolhido Patrono da Cadeira 87.

No Rio de Janeiro, o Dr. Baptista de Lacerda desempenhava suas funções tanto na Secção de Antropologia, Zoologia e Paleontologia do Museu Nacional, quanto em uma enfermaria do Hospital da Misericórdia. Nomeado Subdiretor da Secção em que trabalhava pelo Ministro da Agricultura, ele não conseguiu abrir mão da paixão crescente por seus estudos e pesquisas experimentais, e abandonou a Clínica.

Foi eleito subdiretor do Laboratório de Fisiologia Experimental, (único no Brasil durante muitos anos) e tornou-se, posteriormente, Diretor do Museu Nacional por vários anos.

Ao mesmo tempo em que ocupava estes cargos, foi Redator do Jornal do Commercio, Diretor da Revista Lux, tendo ainda outros títulos como: Professor Honorário da Universidade de Santiago do Chile; Membro Correspondente da Sociedade de Antropologia de Berlim, Paris e Florença, da Sociedade de Geografia de Lisboa e da Sociedade Médica Argentina.

Foi Vice-Presidente do Congresso Médico Pan-americano de Washington em 1893 e Presidente da Secção de Fisiologia do mesmo Congresso; Presidente Honorário do Congresso Médico Latino-Americano de Buenos Aires; e Membro da Comissão nomeada por esse Congresso para formular as bases de um Código Médico Internacional. 

O Dr. Baptista de Lacerda tinha Pasteur como modelo e era seguidor do método experimental e se tornou um dos primeiros bio-antropologistas brasileiros, sendo premiado, em 1878, com a medalha de bronze na exposição antropológica de Trocadero, em Paris, e na Exposição de Chicago, em virtude de seus trabalhos e estudos científicos acatados e respeitados nos centros mais cultos da Europa e da América

O Dr. Lacerda foi um dos primeiros ofiólogos brasileiros e fez pesquisas sobre venenos de anfíbios e batráquios próprios do Brasil, bem como sobre o curare, uma substância tóxica preparada e utilizada por nossos índios.

Ele descobriu a ação do permanganato de potássio como antídoto de venenos de ofídios demonstrando-a diante do Imperador D Pedro II, do Ministro da Agricultura e de vários cientistas e professores. Tal descoberta salvou a vida de milhares de pessoas antes da descoberta dos soros antiofídicos.

O Instituto Oswaldo Cruz tem muito orgulho da vacina preparada contra o carbúnculo sintomático (a manqueira) de Alcides Godoy, mas vale ressaltar que esta apenas sucedeu e substituiu a apresentada por Dr. Lacerda, que foi crucial para a observação de uma redução na mortalidade de gado em determinado local analisado, de 35% para 1% em um período de dois meses.

João Baptista de Lacerda, um dos principais expoentes da “tese do embranquecimento”, foi o cientista eleito para representar o Brasil no Congresso Universal das Raças (Londres, 1911). Esse congresso reuniu intelectuais do mundo todo para debater o tema do racialismo e da relação das raças com o progresso das civilizações. O Brasil, única nação latino-americana convidada, seria visto como exemplo de mistura de raças, e Baptista de Lacerda defenderia que políticas de imigração fariam com que mestiços embranquecessem e descendentes de negros passariam a ficar progressivamente mais brancos a cada nova prole gerada. Lacerda levou ao evento o artigo “Sur les métis au Brésil” (Sobre os mestiços do Brasil), em que defendia o fator da miscigenação como algo positivo, no caso brasileiro, por conta da sobreposição dos traços da raça branca sobre as outras, a negra e a indígena. Fato curioso na apresentação foi a exibição de uma cópia do quadro “A Redenção de Cam”, do pintor espanhol Modesto Brocos; nele, o autor interpreta à revelia o simbolismo bíblico propondo a diluição da cor negra na sucessão de descendentes e insere nessa sucessão a “redenção”, a “absolvição” de uma “raça amaldiçoada”. O “escurecimento” dos descendentes de Cam teria desembocado na raça negra africana, que poderia ser redimida por meio da mistura com a raça branca europeia.

Era irmão do Acadêmico Álvaro de Lacerda.

Ele faleceu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 6 de agosto de 1915, quinze dias após ter lido em Sessão desta Casa um trabalho sobre a Etiologia do Beribéri, o último que escreveria.

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