Orlando da Fonseca Rangel

Nascido a 29 de fevereiro de 1868, na então Freguesia de N. S. da Conceição de Cordeiros, hoje município de São Gonçalo, no Estado do Rio de Janeiro, filho de Feliciano José da Fonseca Rangel e D. Lauriana Florinda de Mattos Rangel.

Apesar do desejo de ser engenheiro, diplomou-se em Farmácia pela antiga Escola de Farmácia anexa à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1888.

Foi eleito Membro Titular da Academia Nacional de Medicina, em 1895, apresentando a memória intitulada “A Noz de Cola na Terapêutica” havendo a assinalar-se o fato único nos Anais da Academia, de ter sido escolhido por seus pares para diretor-secretário no mesmo dia de sua posse. Na instituição, exerceu vários cargos, dentre eles o de Presidente das Secções de Farmacologia (1901-1903) e de Farmácia (1914-1920). Foi ainda 1º Secretário (1910-1911); 2º Secretário (1895-1896); Tesoureiro (1904-1905) e Secretário da Secção de Farmácia (1896-1898).

Foi transferido para a classe de Honorários, em 1927. É o Patrono da Cadeira 91 da Academia Nacional de Medicina.

Foi a Academia seu campo predileto de atividade científica. Seu devotado amor à Pátria levou-o a setores inteiramente alheios ao próprio interesse pessoal, demonstrando o grande químico, que de fato era. Naquele momento, ao iniciar-se o século XX, quando a honorabilidade dos químicos oficiais brasileiros era desacreditada, emergiu serena, inflexível e dominadora atuação do Presidente da Secção de Farmácia da Academia Nacional de Medicina. Foi uma das mais formosas vitórias científicas de Orlando Rangel.

Trabalhou na Farmácia Silveira, na Rua Haddock Lobo, na Tijuca, e dirigiu a Farmácia Furquim Werneck, no Largo de Santa Rita. Em 1892, fundou a Farmácia e o Laboratório Industrial Farmacêutico Orlando Rangel.

Foi o primeiro, no Brasil, a fabricar produtos injetáveis, de acordo com a técnica europeia e os ensinamentos de Oswaldo Cruz que, pessoalmente, assistiu à manipulação das primeiras ampolas. Fabricou ainda outras especialidades farmacêuticas à base de plantas medicinais, entre as quais a noz de cola, a cáscara sagrada, o boldo e o pichi; sabonetes medicinais; produtos de toucador como pó de arroz, loções, brilhantinas e sabonetes perfumados; e coloides terapêuticos.

Não foi esta, aliás, a sua única contribuição cívica; sempre que solicitado, assistiu ao poder público com a sua clarividência e autoridade moral incontrastável, bastando, por exemplo, o projeto de tarifas aduaneiras, que elaborou, em 1913, a pedido do então Ministro da Fazenda, projeto que os componentes consideraram digno de modelar as tarifas de outros países.

Estes trabalhos não logravam, entretanto, afastá-lo do culto à farmacologia, onde a sua passagem ficou indelével, quer no terreno prático, na criação de produtos que representaram progresso, quer no campo doutrinário em qual, sob muitos aspectos, se mostrou verdadeiro precursor.

Seu trabalho “Contribuição ao Estudo do Determinismo Terapêutico” bastaria para assegurar-lhe o posto de destaque entre os que cultivavam a ciência, tal a sua poderosa antevisão de problemas, que só depois começaram a ser elucidados. Outras obras que se destacam são: “O gaiacol cristalizado” (1895), “A salicilagem dos vinhos” (1900 a 1902), “A esterilização das plantas medicinais” (1911) e “Nova contribuição ao estudo da eletroquimioterapia coloidal” (1918).

Foi Orlando Rangel um dos mais adiantados pregoeiros das doenças de acidose, isto em 1916, e pode-se afirmar que ninguém, no mundo, fez mais do que ele pela consolidação e conceituação da Coloidologia Terapêutica.

Mas, além da vasta obra evangelizadora, é de referir a sua contribuição pessoal, tal como a ideia de aplicar o princípio de Nernst à explicação da escolha do metal para constituir a micela, consoante à indicação terapêutica, tendo para isto que estudar profundamente, como fez, a ação oligodinâmica das aludidas substâncias. Este ponto de vista foi integralmente aceito por Lumière.

Mantém-se ainda firme, também, a hipótese sobre a natureza das oxidases, que Orlando Rangel defendeu.

Exerceu-se esta influência benéfica não só aqui, como além-mar, cabendo mencionar a tese de Morsier, feita no Serviço do Prof. Gougerot, inteiramente próxima dos trabalhos de Orlando Rangel, e onde o nome do farmacologista brasileiro é constantemente citado, e empenhado a Levaditi e outros sábios de que a França tanto se orgulhava.

Foi Presidente de Honra da Associação Brasileira de Farmacêuticos (1924); Membro Honorário da extinta Academia Paulista de Medicina (1918); Presidente Honorário da Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo (1926); Sócio correspondente da Sociedade Portuguesa de Química e Física (Núcleo do Porto, Portugal, 1920); Sociedade de Farmácia de Pernambuco, Membro correspondente da Sociedade Nacional de Farmácia de Buenos Aires (1928); Sócio honorário da União Farmacêutica de São Paulo (1921); Sócio efetivo da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro (1918)e Membro da Liga de Defesa Nacional da Cruz Vermelha Brasileira.

Foi, também, Diretor da Faculdade de Farmácia da Universidade Livre do Distrito Federal (1933) e Sócio Fundador da Associação Brasileira de Imprensa; Membro da Liga de Defesa Nacional da Cruz Vermelha Brasileira. Irmão da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro; irmão benemérito da Irmandade do Senhor Santo Cristo dos Milagres, no Rio de Janeiro; irmão da Ordem dos Mínimos de São Francisco de Paula.

Recebeu a “Cruz de Honra da Beneficência”, da República Francesa; o brevê de cavalheiro da 1ª classe do Corpo da Ordem de São Sebastião e Guilherme, da mesma Nação; e o diploma “Estrela do Dever” de 1ª classe e a Medalha Oficial comemorativa da Defesa de Verdun.

Orlando Rangel faleceu na cidade do Rio de Janeiro, a 20 de dezembro de 1934, deixando indelével passagem na Sociedade, na profissão e na Academia.

Acad. Francisco Sampaio

Informações do Acadêmico

Número acadêmico: 167

Cadeira: 91

Cadeira homenageado: 91

Membro: Titular

Secção: Ciencias aplicadas à Medicina

Eleição: 21/03/1895

Posse: 18/04/1895

Sob a presidência: João Baptista de Lacerda

Falecimento: 20/12/1934

Informações do Acadêmico

Número acadêmico: 167

Cadeira: 91

Cadeira homenageado: 91

Membro: Titular

Secção: Ciencias aplicadas à Medicina

Eleição: 21/03/1895

Posse: 18/04/1895

Sob a presidência: João Baptista de Lacerda

Falecimento: 20/12/1934

Nascido a 29 de fevereiro de 1868, na então Freguesia de N. S. da Conceição de Cordeiros, hoje município de São Gonçalo, no Estado do Rio de Janeiro, filho de Feliciano José da Fonseca Rangel e D. Lauriana Florinda de Mattos Rangel.

Apesar do desejo de ser engenheiro, diplomou-se em Farmácia pela antiga Escola de Farmácia anexa à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1888.

Foi eleito Membro Titular da Academia Nacional de Medicina, em 1895, apresentando a memória intitulada “A Noz de Cola na Terapêutica” havendo a assinalar-se o fato único nos Anais da Academia, de ter sido escolhido por seus pares para diretor-secretário no mesmo dia de sua posse. Na instituição, exerceu vários cargos, dentre eles o de Presidente das Secções de Farmacologia (1901-1903) e de Farmácia (1914-1920). Foi ainda 1º Secretário (1910-1911); 2º Secretário (1895-1896); Tesoureiro (1904-1905) e Secretário da Secção de Farmácia (1896-1898).

Foi transferido para a classe de Honorários, em 1927. É o Patrono da Cadeira 91 da Academia Nacional de Medicina.

Foi a Academia seu campo predileto de atividade científica. Seu devotado amor à Pátria levou-o a setores inteiramente alheios ao próprio interesse pessoal, demonstrando o grande químico, que de fato era. Naquele momento, ao iniciar-se o século XX, quando a honorabilidade dos químicos oficiais brasileiros era desacreditada, emergiu serena, inflexível e dominadora atuação do Presidente da Secção de Farmácia da Academia Nacional de Medicina. Foi uma das mais formosas vitórias científicas de Orlando Rangel.

Trabalhou na Farmácia Silveira, na Rua Haddock Lobo, na Tijuca, e dirigiu a Farmácia Furquim Werneck, no Largo de Santa Rita. Em 1892, fundou a Farmácia e o Laboratório Industrial Farmacêutico Orlando Rangel.

Foi o primeiro, no Brasil, a fabricar produtos injetáveis, de acordo com a técnica europeia e os ensinamentos de Oswaldo Cruz que, pessoalmente, assistiu à manipulação das primeiras ampolas. Fabricou ainda outras especialidades farmacêuticas à base de plantas medicinais, entre as quais a noz de cola, a cáscara sagrada, o boldo e o pichi; sabonetes medicinais; produtos de toucador como pó de arroz, loções, brilhantinas e sabonetes perfumados; e coloides terapêuticos.

Não foi esta, aliás, a sua única contribuição cívica; sempre que solicitado, assistiu ao poder público com a sua clarividência e autoridade moral incontrastável, bastando, por exemplo, o projeto de tarifas aduaneiras, que elaborou, em 1913, a pedido do então Ministro da Fazenda, projeto que os componentes consideraram digno de modelar as tarifas de outros países.

Estes trabalhos não logravam, entretanto, afastá-lo do culto à farmacologia, onde a sua passagem ficou indelével, quer no terreno prático, na criação de produtos que representaram progresso, quer no campo doutrinário em qual, sob muitos aspectos, se mostrou verdadeiro precursor.

Seu trabalho “Contribuição ao Estudo do Determinismo Terapêutico” bastaria para assegurar-lhe o posto de destaque entre os que cultivavam a ciência, tal a sua poderosa antevisão de problemas, que só depois começaram a ser elucidados. Outras obras que se destacam são: “O gaiacol cristalizado” (1895), “A salicilagem dos vinhos” (1900 a 1902), “A esterilização das plantas medicinais” (1911) e “Nova contribuição ao estudo da eletroquimioterapia coloidal” (1918).

Foi Orlando Rangel um dos mais adiantados pregoeiros das doenças de acidose, isto em 1916, e pode-se afirmar que ninguém, no mundo, fez mais do que ele pela consolidação e conceituação da Coloidologia Terapêutica.

Mas, além da vasta obra evangelizadora, é de referir a sua contribuição pessoal, tal como a ideia de aplicar o princípio de Nernst à explicação da escolha do metal para constituir a micela, consoante à indicação terapêutica, tendo para isto que estudar profundamente, como fez, a ação oligodinâmica das aludidas substâncias. Este ponto de vista foi integralmente aceito por Lumière.

Mantém-se ainda firme, também, a hipótese sobre a natureza das oxidases, que Orlando Rangel defendeu.

Exerceu-se esta influência benéfica não só aqui, como além-mar, cabendo mencionar a tese de Morsier, feita no Serviço do Prof. Gougerot, inteiramente próxima dos trabalhos de Orlando Rangel, e onde o nome do farmacologista brasileiro é constantemente citado, e empenhado a Levaditi e outros sábios de que a França tanto se orgulhava.

Foi Presidente de Honra da Associação Brasileira de Farmacêuticos (1924); Membro Honorário da extinta Academia Paulista de Medicina (1918); Presidente Honorário da Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo (1926); Sócio correspondente da Sociedade Portuguesa de Química e Física (Núcleo do Porto, Portugal, 1920); Sociedade de Farmácia de Pernambuco, Membro correspondente da Sociedade Nacional de Farmácia de Buenos Aires (1928); Sócio honorário da União Farmacêutica de São Paulo (1921); Sócio efetivo da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro (1918)e Membro da Liga de Defesa Nacional da Cruz Vermelha Brasileira.

Foi, também, Diretor da Faculdade de Farmácia da Universidade Livre do Distrito Federal (1933) e Sócio Fundador da Associação Brasileira de Imprensa; Membro da Liga de Defesa Nacional da Cruz Vermelha Brasileira. Irmão da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro; irmão benemérito da Irmandade do Senhor Santo Cristo dos Milagres, no Rio de Janeiro; irmão da Ordem dos Mínimos de São Francisco de Paula.

Recebeu a “Cruz de Honra da Beneficência”, da República Francesa; o brevê de cavalheiro da 1ª classe do Corpo da Ordem de São Sebastião e Guilherme, da mesma Nação; e o diploma “Estrela do Dever” de 1ª classe e a Medalha Oficial comemorativa da Defesa de Verdun.

Orlando Rangel faleceu na cidade do Rio de Janeiro, a 20 de dezembro de 1934, deixando indelével passagem na Sociedade, na profissão e na Academia.

Acad. Francisco Sampaio

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