VIII Sessão do Curso de Extensão em Cirurgia da ANM – Simpósio Sobre o Paciente Frágil

 
 
 
 
Organização:
Acad. José J. Camargo, Presidente da Secção de Cirurgia da ANM
Acad. Octavio Vaz
 
     
     
 
15h

Abertura
Presidente da Academia Nacional de Medicina,
Acad. Rubens Belfort Jr.

Coordenador, Acad. José de Jesus Camargo – Presidente da Secção de Cirurgia da ANM

   
   
Moderadores:

Dr. Paulo Roberto Corsi – Presidente do Capítulo Brasileiro do American College Of Surgeons, ACS

Dr. Luiz Gustavo de Oliveira e Silva – Vice-Presidente do Capítulo Brasileiro do American College Of Surgeons, ACS

   
   
15h20

Paciente Frágil: Conceituação
Dr. Fábio Neves – Jovem Liderança Médica da ANM e Hospital Federal de Ipanema

   
   
15h40

Abdome Agudo no Paciente Frágil
Acad. José Galvão-Alves

   
   
16h

Principais erros e acertos no Tratamento Cirúrgico do Paciente Frágil
Acad. Octavio Vaz

   
   
16h20

Aspectos Nutricionais do Paciente Frágil
Dr. Eduardo Eiras Moreira da Rocha – Hospitais Copa D’Or e Copa Star da Rede D’Or São Luiz – RJ

   
   
16h40

Transplante no paciente frágil
Dr. Marcelo Enne – Hospital Federal de Ipanema

   
   
17h

Principais Complicações Pós-operatórias no Paciente Frágil
Dr. Fábio Miranda – Copa Star, Rede D’Or São Luiz – RJ

   
   
17h20

Dúvidas e Questões que devem ser esclarecidas no tratamento do paciente frágil
Dra. Claudia Burlá – Conselho Consultivo da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia Secção RJ (SBGG RJ) e membro da Diretoria Atual da International Association of Palliative Care (IAHPC)

   
   
17h40

Intervalo

   

Sessão Ordinária da Academia Nacional de Medicina XXXIII
Ano Acadêmico 192


   
18h

Abertura
Presidente da Academia Nacional de Medicina,
Acad. Rubens Belfort Jr.

   
   
18h05

Comunicações da Secretaria Geral
Acad. Carlos Eduardo Brandão

   
   
18h10

Comunicações dos Acadêmicos

   
   
18h30

Cuidados Paliativos
Ana Michelle Soares – Jornalista

   
   
18h50

Comentários
Acad. José de Jesus Camargo

   
   
19h

Discussão com a Bancada Acadêmica

   
   
20h

Encerramento

   
 
     
 

PACIENTE FRÁGIL

A história de uma mulher de 38 anos, que há 10 convive com a sentença de um diagnóstico de câncer de mama metastático foi relato do simpósio sobre paciente frágil, organizado pela Academia Nacional de Medicina, no dia 28 de outubro de 2021. 

Jornalista e ativista em prol dos cuidados paliativos e da humanização na medicina, Ana Michelle Soares brindou a todos com um depoimento emocionante e falou sobre as dores e os sofrimentos que extrapolam os limites biológicos de viver uma doença fatal.

“Meu milagre de estar viva até hoje foi ter conhecido a medicina humanizada que olhou pra mim, não só através das imagens dos meus órgãos, do tamanho e da quantidade do câncer que eu tenho no meu corpo, mas tentou olhar pra mim como uma totalidade, pois eu não sou só os meus órgãos”.

A ativista contou que, por meio do seu projeto Casas Paliativas, luta para que os pacientes nessa condição sejam vistos de forma completa e com dignidade.  “O tratamento a esses pacientes deve levar em consideração aspectos emocionais, sociais, espirituais e familiares. As pessoas que estão vivendo a vulnerabilidade de um diagnóstico terminal sentem dores além do câncer, sentem dores existências”, pontuou a jornalista.

Na bancada virtual e liderando o papel de comentarista da sessão ordinária, o acadêmico José de Jesus Camargo fez ponderações relevantes sobre o despreparo dos médicos para lidar com a finitude. “O médico, em geral, foge não só da morte, mas da notícia ruim da morte. A formação médica atual é omissa sobre esse convívio. Nós, médicos, fomos condicionados ao sucesso, nós adoramos dar notícias boas e cerca de 80% dos nossos atendimentos envolvem um discurso otimista. Isso explica por que a maioria dos médicos não sabe o que falar para um paciente terminal.”

Para Camargo o cuidado ao paciente terminal deve ser estendido à família que, segunde ele, adoece junto e de forma intensa. O acadêmico conta que em suas aulas reflete sobre relacionamento médico-paciente, tema que não consta na grade curricular das faculdades de medicina. “O médico precisa aprender que o paciente não é apenas a sua saúde, mas também a qualidade e dignidade da sua morte”.

Equipe multidisciplinar – Segundo dados do IBGE, em 2031, serão 43 milhões de idosos no país. E esses idosos tendem a ser pacientes que necessitam de uma maior atenção da equipe médica devido a sua fragilidade. 

O aumento na população de idosos é uma realidade desde o século XX, segundo dados apresentados por Fábio Neves, membro do Programa Jovem Liderança Médica da ANM e médico do Hospital Federal de Ipanema. Neves ressaltou que se estima que em 2.100 existam 61 vezes mais idosos do que nos tempos atuais. Para a medicina, isso representa um cenário crescente de pacientes frágeis. “O conceito para que idosos sejam considerados pacientes frágeis são segmentados a partir de: condição socioeconômicas desfavoráveis, debilidades físicas e cognitivas, maiores e mais prolongados cuidados devido ao avanço da idade” – conceituou Neves.

Esses pacientes têm maior probabilidade de internações prolongadas, com uma maior facilidade de evoluírem para quadros mais graves do que os mais jovens. O acadêmico José Galvão-Alves reiterou que o envelhecimento diminui a capacidade funcional dos órgãos, aumenta a chance de comorbidades e aumenta a fragilidade. “A reserva física cai a um nível crítico, a ponto de pequenos estresses se transformarem em sérios problemas de saúde, assim como a falta de autonomia e incapacidade.” – complementou Neves.

Por isso, uma equipe preparada é fundamental para que o paciente seja tratado de forma correta. Existem vários fatores de risco que podem ajudar a identificar um paciente frágil como declínio funcional, desnutrição e as comorbidades. Para o Galvão-Alves “entender o grau de vulnerabilidade de cada caso é importante para não tratar a doença e esquecer o homem. É necessário observar a realidade do paciente, durante o diagnóstico, além de suas condições como enfermo. Uma equipe de saúde deve ter em sua conduta acolhimento, envolvimento e mobilidade, lembrando que acolhimento e envolvimento são coisas diferentes.”

O acadêmico Octávio Vaz, um dos organizadores do evento, abordou os principais erros e acertos no tratamento cirúrgico do paciente frágil e declarou: “esses pacientes sempre devem contar com uma equipe multidisciplinar. Uma avaliação ou diagnóstico errado, a escolha inadequada do método a ser usado na cirurgia e um pós-operatório conturbado podem atrapalhar a recuperação”

Convidado do simpósio, o médico Fábio Miranda, da Rede D’Or São Luiz, expôs alguns pontos importantes de alerta: “não devemos menosprezar os possíveis sinais de complicações. Devemos procurar diminuir o risco cirúrgico, quando possível. Em geral, as complicações pós-operatórias no paciente frágil não são exclusivas, mas mais frequentes! Observe, examine e raciocine – muito ajuda quem pouco atrapalha.” 

Como esses pacientes são delicados e merecem uma atenção mais direcionada, uma equipe médica preparada e atenta aos sinais é parte importante para o sucesso da recuperação desse paciente frágil. 

A íntegra dessa sessão instigante está disponível em vídeo no canal da ANM no YouTube, em:

Parte I – https://www.anm.org.br/viii-sessao-do-curso-de-extensao-em-cirurgia-da-anm-simposio-sobre-o-paciente-fragil-28-de-outubro-de-2021-parte-i/

Parte II – https://www.anm.org.br/viii-sessao-do-curso-de-extensao-em-cirurgia-da-anm-simposio-sobre-o-paciente-fragil-28-de-outubro-de-2021-parte-ii/



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