Belmiro de Lima Valverde

O Dr. Belmiro de Lima Valverde nasceu no dia 22 de abril de 1884, em Alagoinhas, no Estado da Bahia, filho de Antônio Henrique de Lima Valverde e de Maria Lima Valverde. Em sua família destacou-se Dom Miguel de Lima Valverde, arcebispo de Olinda e Recife, de 1922 a 1951.

Doutorou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina da Bahia, em 1906, defendendo a tese “Influência da sífilis na sociedade”. Após sua formatura, realizou diversas viagens de estudo em que visitou hospitais e clínicas e conquistou muitos pacientes: clinicou no alto Amazonas e, posteriormente, no interior de São Paulo, transferindo-se depois para o Rio de Janeiro, onde aperfeiçoou seus conhecimentos em clínica urológica.

Adiante, decidiu ampliar seus estudos médicos na França, onde fez um longo estágio com os professores Geordes Luys e Janet, de maneira que se tornou assistente da Clínica Necker, em cuja chefia se encontrava o notável Professor Legeu. Após sua experiência na França, retorna e reside no Rio de Janeiro.

Foi membro Correspondente da Academia Nacional de Medicina, em 1914, foi eleito Membro Titular, em 1915, apresentando memória intitulada “Indicação de curetagem uterina”, e foi transferido para a classe de Eméritos, em 1944. É o Patrono da Cadeira 72.

Em 1927, fundou e chefiou o Serviço de Urologia na Policlínica do Rio de Janeiro. Dentro deste setor, ele criou também uma escola de urologia, despertando a atenção para os métodos diagnósticos e terapêuticos das perturbações dos órgãos urogenitais e frisando a necessidade de se encararem os problemas patológicos das vias urinárias, não só sob o ponto de vista cirúrgico, como clínico.

O Dr. Valverde foi Secretário Geral das Jornadas Médicas do Rio de Janeiro e Membro da Academia Paulista de Medicina e da Société Belge d’Urologie.

Na Conferência Americana de Lepra, em 1922, onde era um dos Presidentes Honorários, defrontou-se contra Adolpho Lutz, que defendia que, tal como a malária e a febre amarela, a lepra era transmitida por mosquitos. Valverde admitia a intervenção de insetos em certas doenças, mas tinha argumentos fortes contra a teoria de Adolpho Lutz: o Amazonas era o Estado mais infetados por mosquitos no país, mas onde haveria baixa ocorrência de lepra.

É autor de vários trabalhos, destacando-se: “Oclusão intestinal, internação cirúrgica e cura” (1912), “Contribuição ao estudo dos aneurismas da aorta abdominal” (1913), “Profilaxia e tratamento da lepra” (1913), “A quilúria na sífilis vesical” (1929), “Sobre a vesiculografia e a lavagem das vesículas pelos canais ejaculadores” (1933) e “Sífilis hereditária tardia do rim” (1934).

Seu nome começou a aparecer no noticiário político nacional em 1924, quando combateu o governo de Artur Bernardes, tendo por isso de exilar-se na Europa, retornando ao Brasil, em 1928. Em 1932, apoiou a Revolução Constitucionalista.

Em 1933, o Dr. Valverde aderiu à Ação Integralista Brasileira (AIB). Chefe do Departamento Nacional de Finanças da AIB, entre 1934 e 1936, organizou campanhas destinadas a angariar fundos para a organização, tais como as da “Taxa do Sigma”, “Pelo bem do Brasil” e “Campanha do ouro”. Esta última foi efetuada em todo o território nacional, durante o ano de 1936, e levantou recursos, considerados à época, substanciais.

O Dr. Valverde tornou-se membro do Conselho Supremo da AIB e, quando da invasão da sede na Bahia, foi detido no Rio e teve seu consultório revistado, sendo nele apreendidas armas e munições. Após ser interrogado, foi posto em liberdade.

Em 1937, estando a AIB dividida, o Dr. Valverde ligou-se ao grupo de sindicalistas. Em novembro, participou da maior manifestação pública até então realizada pelos integralistas no país, figurando entre os dez mil “camisas-verdes” que, em passo militar, desfilaram pelas principais ruas do Rio de Janeiro.

Após a decretação do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937, e a extinção dos partidos políticos, inclusive a AIB, os integralistas passaram a conspirar visando à derrubada de Getúlio Vargas. Iniciada a conspiração, o comando dos integralistas no Rio de Janeiro caberia a Belmiro Valverde, tendo este primeiro movimento sido esmagado mesmo antes de iniciar-se.

Numa nova tentativa, o planejamento e a coordenação material do movimento, incluindo armas, explosivos e a arrecadação de fundos, continuaram sob responsabilidade de Belmiro Valverde. Este levante acabou sendo debelado em poucas horas, apesar da debilidade da resistência legalista, e o Dr. Valverde decidiu refugiar-se no interior do país.

O Dr. Belmiro Valverde foi condenado a 16 anos e meio de prisão pelo Tribunal de Segurança Nacional, dos quais cumpriu apenas sete, entre a ilha de Fernando de Noronha e a Ilha Grande. Foi posto em liberdade, em 19 de abril de 1945, quando da decretação da anistia política no país, fato que antecedeu a queda de Vargas, no dia 29 de outubro.

Depois de libertado, não mais retornou às atividades políticas, dedicando-se exclusivamente ao seu consultório.

Faleceu na cidade do Rio de janeiro, no dia 21 de maio de 1963.

Informações do Acadêmico

Número acadêmico: 271

Cadeira: 72 - Belmiro de Lima Valverde

Cadeira homenageado: 72

Membro: Emérito

Secção: Cirurgia

Eleição: 16/09/1915

Posse: 28/10/1915

Sob a presidência: Miguel de Oliveira Couto

Saudado: Olympio Arthur Ribeiro da Fonseca

Emerência: 27/10/1944

Antecessor: José Chardinal D’Arpenans

Falecimento: 21/05/1963

Informações do Acadêmico

Número acadêmico: 271

Cadeira: 72 - Belmiro de Lima Valverde

Cadeira homenageado: 72

Membro: Emérito

Secção: Cirurgia

Eleição: 16/09/1915

Posse: 28/10/1915

Sob a presidência: Miguel de Oliveira Couto

Saudado: Olympio Arthur Ribeiro da Fonseca

Emerência: 27/10/1944

Antecessor: José Chardinal D’Arpenans

Falecimento: 21/05/1963

O Dr. Belmiro de Lima Valverde nasceu no dia 22 de abril de 1884, em Alagoinhas, no Estado da Bahia, filho de Antônio Henrique de Lima Valverde e de Maria Lima Valverde. Em sua família destacou-se Dom Miguel de Lima Valverde, arcebispo de Olinda e Recife, de 1922 a 1951.

Doutorou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina da Bahia, em 1906, defendendo a tese “Influência da sífilis na sociedade”. Após sua formatura, realizou diversas viagens de estudo em que visitou hospitais e clínicas e conquistou muitos pacientes: clinicou no alto Amazonas e, posteriormente, no interior de São Paulo, transferindo-se depois para o Rio de Janeiro, onde aperfeiçoou seus conhecimentos em clínica urológica.

Adiante, decidiu ampliar seus estudos médicos na França, onde fez um longo estágio com os professores Geordes Luys e Janet, de maneira que se tornou assistente da Clínica Necker, em cuja chefia se encontrava o notável Professor Legeu. Após sua experiência na França, retorna e reside no Rio de Janeiro.

Foi membro Correspondente da Academia Nacional de Medicina, em 1914, foi eleito Membro Titular, em 1915, apresentando memória intitulada “Indicação de curetagem uterina”, e foi transferido para a classe de Eméritos, em 1944. É o Patrono da Cadeira 72.

Em 1927, fundou e chefiou o Serviço de Urologia na Policlínica do Rio de Janeiro. Dentro deste setor, ele criou também uma escola de urologia, despertando a atenção para os métodos diagnósticos e terapêuticos das perturbações dos órgãos urogenitais e frisando a necessidade de se encararem os problemas patológicos das vias urinárias, não só sob o ponto de vista cirúrgico, como clínico.

O Dr. Valverde foi Secretário Geral das Jornadas Médicas do Rio de Janeiro e Membro da Academia Paulista de Medicina e da Société Belge d’Urologie.

Na Conferência Americana de Lepra, em 1922, onde era um dos Presidentes Honorários, defrontou-se contra Adolpho Lutz, que defendia que, tal como a malária e a febre amarela, a lepra era transmitida por mosquitos. Valverde admitia a intervenção de insetos em certas doenças, mas tinha argumentos fortes contra a teoria de Adolpho Lutz: o Amazonas era o Estado mais infetados por mosquitos no país, mas onde haveria baixa ocorrência de lepra.

É autor de vários trabalhos, destacando-se: “Oclusão intestinal, internação cirúrgica e cura” (1912), “Contribuição ao estudo dos aneurismas da aorta abdominal” (1913), “Profilaxia e tratamento da lepra” (1913), “A quilúria na sífilis vesical” (1929), “Sobre a vesiculografia e a lavagem das vesículas pelos canais ejaculadores” (1933) e “Sífilis hereditária tardia do rim” (1934).

Seu nome começou a aparecer no noticiário político nacional em 1924, quando combateu o governo de Artur Bernardes, tendo por isso de exilar-se na Europa, retornando ao Brasil, em 1928. Em 1932, apoiou a Revolução Constitucionalista.

Em 1933, o Dr. Valverde aderiu à Ação Integralista Brasileira (AIB). Chefe do Departamento Nacional de Finanças da AIB, entre 1934 e 1936, organizou campanhas destinadas a angariar fundos para a organização, tais como as da “Taxa do Sigma”, “Pelo bem do Brasil” e “Campanha do ouro”. Esta última foi efetuada em todo o território nacional, durante o ano de 1936, e levantou recursos, considerados à época, substanciais.

O Dr. Valverde tornou-se membro do Conselho Supremo da AIB e, quando da invasão da sede na Bahia, foi detido no Rio e teve seu consultório revistado, sendo nele apreendidas armas e munições. Após ser interrogado, foi posto em liberdade.

Em 1937, estando a AIB dividida, o Dr. Valverde ligou-se ao grupo de sindicalistas. Em novembro, participou da maior manifestação pública até então realizada pelos integralistas no país, figurando entre os dez mil “camisas-verdes” que, em passo militar, desfilaram pelas principais ruas do Rio de Janeiro.

Após a decretação do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937, e a extinção dos partidos políticos, inclusive a AIB, os integralistas passaram a conspirar visando à derrubada de Getúlio Vargas. Iniciada a conspiração, o comando dos integralistas no Rio de Janeiro caberia a Belmiro Valverde, tendo este primeiro movimento sido esmagado mesmo antes de iniciar-se.

Numa nova tentativa, o planejamento e a coordenação material do movimento, incluindo armas, explosivos e a arrecadação de fundos, continuaram sob responsabilidade de Belmiro Valverde. Este levante acabou sendo debelado em poucas horas, apesar da debilidade da resistência legalista, e o Dr. Valverde decidiu refugiar-se no interior do país.

O Dr. Belmiro Valverde foi condenado a 16 anos e meio de prisão pelo Tribunal de Segurança Nacional, dos quais cumpriu apenas sete, entre a ilha de Fernando de Noronha e a Ilha Grande. Foi posto em liberdade, em 19 de abril de 1945, quando da decretação da anistia política no país, fato que antecedeu a queda de Vargas, no dia 29 de outubro.

Depois de libertado, não mais retornou às atividades políticas, dedicando-se exclusivamente ao seu consultório.

Faleceu na cidade do Rio de janeiro, no dia 21 de maio de 1963.

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