Conferência magna na ANM discorre sobre os avanços no uso da modelagem computacional da circulação sanguínea

29/08/2019

Na etapa final da Sessão de 29 de agosto na Academia Nacional de Medicina, o PhD Pablo Javier Blanco apresentou conferência intitulada “Modelagem Computacional da Circulação Sanguínea: da Ciência Básica às Aplicações Clínicas”. O engenheiro, formado na Argentina e que realizou doutorado no Laboratório Nacional de Computação Científica, discorreu sobre as perspectivas para o desenvolvimento desta tecnologia “da bancada até a aplicação clínica”.

Antes do início de sua explanação, o Dr. Javier Banco foi apresentado pelo Acadêmico Mauricio Younes, que fez breve introdução sobre a trajetória e a carreia acadêmica do conferencista, que possui graduação em Engenharia Eletromecânica (Universidad Nacional de Mar del Plata, Argentina, 2003) e Doutorado em Modelagem computacional (Laboratório Nacional de Computação Científica, Brasil, 2008). É Membro Afiliado da Academia Brasileira de Ciências e possui Bolsa de Produtividade em Pesquisa Nível 2 do CNPq. Além deste fato, o Dr. Blanco é Jovem Cientista de Nosso Estado da FAPERJ. Seus estudos abrangem áreas como a Hemodinâmica Computacional do Sistema Cardiovascular Humano; Princípios e Formulações Variacionais na Mecânica dos Fluidos e na Mecânica dos Sólidos; Modelagem Constitutiva Multiescala e Análise de Sensibilidade.

Dando início à conferência, o Dr. Javier Blanco discorreu sobre a criação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Assistida por Computação Científica (2008) com o apoio do Governo Federal, considerando este um marco para a institucionalização do desenvolvimento de modelos computacionais para aplicação médica. Ressaltou que esta tecnologia possui impactos consideráveis tanto nas ciências básicas quanto na aplicação prática dos conhecimentos.

Acerca dos modelos desenvolvidos, afirmou que se trata de aplicar modelos matemáticos e conceitos físicos a fim de criar ferramentas de quantificação de problemas da medicina. Com isto, pretende-se entender interações sistêmicas, predizer fenômenos fisiológicos, realizar a análise de estadiamento e progressão de doenças, diagnosticar patologias, realizar o planejamento cirúrgico e até mesmo definir estratégias terapêuticas.

Sobre o trabalho que vem desenvolvendo, o Dr. Javier Blanco ressaltou que o sistema cardiovascular tem sido o foco de sua atuação. Frisou que a dinâmica rápida do sistema faz com que os danos ocorram na ordem milimétrica, o que gera necessidade de uma maior precisão em sua identificação. Afirmou, ainda, que na maior parte dos casos, quando ocorre esta identificação, os danos já estão estabelecidos e de difícil reversão. Segundo Blanco, a modelagem computacional tem como vantagem mostrar aquilo que a imagem médica ainda não pôde ou tem dificuldade para captar.

Além deste fato, o conferencista apresentou dados que apontam para o fato de que o uso da desta técnica possibilita a melhora da capacidade preditiva de diversos modelos de análise de doenças do sistema cardiovascular. Destacou, ainda, que esta utilização permite a criação de modelos arteriais com um realismo sem precedentes, juntando o que já se conhece de anatomia com conhecimentos físicos e matemáticos. O resultado é um atlas funcional altamente multidisciplinar, uma vez que, mais do que realizar uma análise anatômica, permite a investigação dos processos das doenças e os fenômenos que as originam.

Ao final de sua apresentação, chamou atenção para o fato de que, no Brasil, a área de bioengenharia já caminha nesta direção há pelo menos cinco anos, colocando o país em posição de vanguarda no desenvolvimento e utilização desta tecnologia. Entretanto, ressaltou a importância do investimento na sua incorporação, uma vez que, em países como os Estados Unidos, já existem empresas altamente institucionalizadas para fornecer estes serviços. Por fim, destacou que modelos computacionais não representam uma “ciência ficção” – eles indicam a direção na qual a Medicina está caminhando.

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