Julho amarelo

21/08/2020

Diante da crise sanitária imposta pelo novo coronavírus, outras doenças foram esquecidas pela população. Em um esforço nacional para reverter cenários trágicos, o presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia, Carlos Eduardo Brandão-Mello, membro da Academia Nacional de Medicina, lembra que estamos em pleno Julho Amarelo, o mês de conscientização das doenças do fígado.

Embora haja vacina contra os vírus das hepatites B, nas redes pública e privada do Brasil, estima-se ainda há prevalência de 1 a 2 milhões de casos da doença no país. Desses, cerca de 90% não diagnosticados e menos de 30% tratados com as drogas antivirais específicas. No mundo, são mais de 350 milhões de infectados.

Conhecidas desde Hipócrates, no 5o século antes de Cristo, as hepatites virais, hoje divididas em cinco diferentes tipos (A, B,C, D, E) são consideradas um dos maiores problemas de saúde pública.

Outro agravo é a infecção pelo vírus da hepatite C. Estima-se 71 milhões de pessoas infectadas em todo mundo pelo vírus da hepatite C e, no Brasil, quase 2 milhões. A infecção por esse vírus é a mais importante causa de hepatite crônica, cirrose e carcinoma hepatocelular, sendo a principal causa de indicação de transplante hepático no mundo industrializado.

As cirroses são consideradas, hoje em dia, entre as dez principais causas de morte na população mundial, explica Brandão-Mello, junto com as doenças cerebrovasculares, coronarianas, neoplasias, traumas e doenças renais. 

Brandão-Mello, que é também professor da Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, ressalta outras doenças hepáticas como a gordurosa não alcoólica do fígado e as hepatites crônicas e cirroses de natureza auto-imune, e as medicamentosas, principalmente pelo uso de algumas substâncias, além das hepatites metabólicas, por sobrecarga de ferro (hemocromatose) e cobre (doença de Wilson), dentre outras.

A OMS planejava erradicar as hepatites virais, em 2030, mas com a pandemia do SARS-CoV-2 e o isolamento social, as campanhas de testagem e triagem se tornaram um desafio hercúleo. E como Hipócrates dizia: “A cura está ligada ao tempo e, às vezes, também às circunstâncias.

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