Com este tema, o acadêmico Paulo Saldiva e as médicas Marisa Dolhnikoff e Renata Monteiro, da Faculdade de Medicina, da Universidade de São Paulo, contaram os resultados preliminares de um projeto de autópsias minimamente invasivas para Covid-19. O encontro aconteceu em sessão científica virtual da Academia Nacional de Medicina, com mais de 100 inscritos.
Até o momento, foram analisados os corpos de 10 pacientes, metade de cada sexo e que morreram com o novo coronavírus. Com idade que variava entre 33 e 83 anos e que estiveram em unidades de terapia intensiva até 15 dias, os corpos dos pacientes foram submetidos a exames post mortem, através de tomografia, ultrassom e microscopia.
Vários órgãos foram estudados como pulmão, onde foram retiradas 48 amostras; fígado com oito amostras, rins e baço. Os resultados mostram uma agressividade impressionante do vírus e, em virtude disso, abordou-se também características da resposta imunológica frente à inflamação. Ainda não se sabe o porquê do vírus iludir a resposta imunológica.
No Brasil não existem salas de autópsias que atendam às exigências de segurança para infecções altamente contagiosas como a do novo coronavírus. Por esta razão, a equipe da FMUSP usou imagens de ultrassom para retirar, por meio de punção por agulha, amostras dos órgãos. As amostras foram depois depositadas em um biorepositório para análises futuras. O grupo espera finalizar entre 50 e 60 autopsias. Até o momento, não há estudo no mundo com essa amplitude.
Além disso, os pesquisadores mostraram que as autópsias permitiram conclusões sobre certos aspectos da doença como a comprovação histológica da formação de trombos na microcirculação pulmonar. O grupo está com um artigo aceito e sob revisão para publicação em um periódico científico.