Pesquisa em covid-19 Academias Nacional de Medicina, Brasileira de Ciência e de Ciências Farmacêuticas promovem evento que reúne mais de 100 médicos e cientistas

21/08/2020

Aumento no número de mortes; queda na arrecadação dos estados e Necessidade de maiores recursos para pesquisa; surgimento de gastos impensáveis com uma epidemia; perda de vidas, necessidade recursos para projetos de impacto e de aprovação rápida de projetos de pesquisa para prevenção, diagnóstico, tratamento de pacientes; e avaliação dos efeitos sociais e econômicos das medidas de isolamento. Estes foram alguns dos aspectos abordados em sessão virtual promovida pelas Academias Nacional de Medicina (ANM), Brasileira de Ciência (ABC) e de Ciências Farmacêuticas.

“Pesquisa na covid-19” foi o tema da última reunião científica, organizada pelos acadêmicos Rubens Belfort Jr., presidente da ANM, Marcello Barcinski e Wanderley de Souza.

O acadêmico Marcelo Marcos Morales, da ANM e ABC e Secretário de Políticas para Formação e Ações Estratégicas do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação (MCTIC), apresentou as ações governamentais diante da pandemia. Uma das primeiras foi o descontingenciamento dos R$ 100 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Além disso, Morales falou sobre a criação da Rede Vírus com foco em fármacos, vacinas, ensaios clínicos, biobanco e estudos sobre impactos sociais. Segundo ele, na área de fármacos, foram estudadas duas mil moléculas, sendo selecionadas, inicialmente, 15 e uma delas, a nitazoxanida – utilizada como antiparasitário – já está sendo testada em 150 pacientes com sintomas leves. 

– Este é um estudo multicêntrico que reúne 17 hospitais.  Além disso, o país conta com outros 50 ensaios clínicos aprovados por comitês de ética, finalizou.

O presidente da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj) e também acadêmico da ANM e ABC, Jerson Lima Silva, mostrou um panorama da produtividade científica brasileira em relação a outros países, alguns modelos de financiamento e a curva de investimentos na área pelo Rio de Janeiro. Ao completar 40 anos, a Faperj tinha expectativas de aporte de recursos no valor de R$ 530 milhões para este ano, de acordo com a Lei Orçamentária Anual, porém foram autorizados R$ 370 milhões e parte desses recursos está sendo investido em pesquisas da covid-19. Lima Silva ainda apresentou os editais emergenciais que foram lançados em virtude da chegada da pandemia ao país e os projetos aprovados.

Evaldo Vilela, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e membro da ABC, falou sobre o lançamento de edital emergencial para o enfrentamento da covid-19. De acordo com Vilela, 2.200 projetos foram enviados, representando uma demanda superior de R$ 1,700 bilhão. O resultado dos 30 projetos aprovados sairá no final de maio e os agraciados trabalharão em rede de pesquisas que podem englobar da biologia e medicina às ciências sociais, entre outras áreas.

O diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Luiz Eugênio Mello, foi outro dos convidados. Mello ressaltou a importância dos investimentos em C&T de forma continuada e por longo tempo. Luiz Eugênio ainda trouxe exemplos históricos que levaram às conquistas de hoje no enfrentamento da pandemia no estado de São Paulo. Segundo ele, foi graças aos investimentos feitos pela agência há muito tempo. Ele relembrou que, apenas dois dias após o surgimento do primeiro caso de coronavírus da América Latina ter sido confirmado, pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz e das universidades de São Paulo e de Oxford publicaram a sequencia completa do genoma viral do coronavírus.

_ Isto só foi possível pois a Fapesp há muitos anos investe no laboratório da professora Ester Sabino, do Instituto de Medicina Tropical da USP.  

O Diretor de Inovação da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Alberto Dantas, apresentou as três linhas lançadas pela agência agora durante a epidemia no Brasil. Com recursos totalizando mais de R$ 890 milhões, receberão aportes projetos de pesquisa, de subvenção econômica e linhas de financiamento reembolsáveis. Os recursos disponibilizados serão aplicados em projetos para ampliação da capacidade de processamento de amostras na rede pública, desenvolvimento e fabricação de produtos nacionais como ventiladores. Além disso, segundo Dantas haverá crédito para reconversão industrial, escalonamento de dispositivos médicos e inovação em saúde.

 
O professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Denizar Vianna, ex-assessor especial do Ministério da Saúde (MS), ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do MS foi outro palestrante. Vianna fez um relato histórico da organização do país, desde janeiro de 2020, criando um sistema de vigilância do vírus, modelos preditivos da epidemia no país e a criação de um canal de comunicação junto à população,  além da implementação da telemedicina que, segundo ele espera, seja um dos legados da epidemia.

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