LENTES DE CONTATO

19/04/2016

No Brasil há cerca de 2,5 milhões de usuários de lentes de contato, um número pequeno quando comparado a outros países. As lentes de contato são um excelente recurso para correção do grau e podem corrigir miopia, hipermetropia e astigmatismo. Também para a presbiopia (que ocorre por volta dos 40 anos) existem as lentes multifocais e a possibilidade de levar a visão boa para longe e para perto através da dita “monovisão” corrigindo um olho para perto e outro para longe.

Existem diversos tipos de materiais e lentes. As mais comuns são as lentes de contato gelatinosas, utilizadas para corrigir miopia, astigmatismo, hipermetropia e presbiopia. As lentes de contato rígidas são de acrílico e geralmente indicadas para olhos com alto astigmatismo, ceratocone (ectasia corneana) e astigmatismos irregulares não corrigidos pelas lentes gelatinosas.

A adaptação da lente de contato é um ato médico e cabe ao oftalmologista, ao examinar os olhos, verificar a inexistência de contraindicação e prescrever o melhor tipo de lente para cada paciente.

É importante saber que as lentes de contato podem ocasionar doenças oculares, infecciosas ou não. Assim, todo usuário de lente de contato deve ser acompanhado por oftalmologista e exames periódicos são realizados para avaliar a saúde da córnea e da superfície ocular. O usuário deve procurar o oftalmologista toda vez que não satisfizer os três “bens” da adaptação: enxergar bem, se sentir bem e parecer bem na observação das conjuntivas e córnea.

As lentes precisam de cuidados especiais de higienização e conservação para evitar danos ao paciente, independente do material. Ao contrário do que muitos pensam, a água e o soro fisiológico não têm propriedades necessárias para a higienização e pela contaminação podem ser perigosas.

Com o uso diário, as lentes podem conter depósitos de proteínas e gordura provenientes da lágrima e das pálpebras que diminuem o conforto e podem alterar a superfície ocular, causando inflamação e alergias. Há no mercado produtos específicos para higienizar as lentes de contato e que proporcionam limpeza e conservação de maneira adequada para as lentes de contato gelatinosa e rígida. As soluções multipropósito realizam limpeza, remoção de proteínas, desinfecção, conservação do estojo e hidratação prolongada das lentes.

As caixas de lentes de contato (estojos) devem ser esterilizadas uma vez ao mês (em água fervente por 30 minutos) e trocadas a cada três a seis meses.

Deve-se também sempre lavar bem as mãos com água e sabão antes de colocar e retirar as lentes.

Sempre que for colocar as lentes no olho, despreze o líquido do estojo e mantenha-o seco e guardado em local com pouca umidade. Antes de retirar as lentes, preencha a caixa com solução multiuso e deixe-as imersas nesta solução com o estojo fechado até o uso.

O paciente deve aprender a colocar e retiras as lentes de contato. Lentes gelatinosas têm lado correto. Ao colocar, observe se não estão invertidas. Para isso, encaixe a lente na ponta do dedo e coloque na direção da luz – se as bordas ficarem “viradas” para o lado de fora, a lente está invertida. Algumas lentes possuem marcas para orientar o lado correto.

Segure cuidadosamente a pálpebra superior para evitar o reflexo de piscar. Então, puxe cuidadosamente para baixo sua pálpebra inferior com dedos da mão que está com a lente. Direcione o dedo com a lente de contato para os olhos e encaixe no lugar – se tiver dificuldade, olhar para cima pode ajudar. Uma vez que as lentes estão no lugar, solte as pálpebras e feche os olhos por um momento. Isso ajuda as lentes de contato a se ajustarem.

Para retirar as lentes de contato, o processo é semelhante: após higienizar as mãos, olhe para cima e puxe sua pálpebra inferior com o dedo do meio. Então, encoste o dedo indicador na borda da lente e deslize para baixo, na parte branca do seu olho. Segure a lente com seu indicador e o polegar para removê-la.

No caso das lentes rígidas, recomenda-se utilizar uma ventosa feita especialmente para retirar as lentes. Esse instrumento evita traumas das pálpebras após anos seguidos de uso.

Usuários de lentes de contato podem utilizar maquiagem desde que alguns cuidados básicos sejam seguidos como verificar a validade de cada item; armazená-los em lugar seco e arejado; evitar ambientes úmidos como o banheiro e evitar compartilhamento dos produtos.

Remover adequadamente a maquiagem é muito importante. Recomenda-se retirar as lentes antes da higiene das pálpebras. Sugere-se uso de shampoo neutro para bebê (diluído com água morna) ou produtos específicos para higiene dos olhos.

Existem lentes de contato gelatinosas aprovadas para uso continuo e remoção semanal ou mesmo mensal, mas devem ser usadas com mais cuidado, pois dormir com elas é um dos principais fatores de risco para doenças de córnea. Durante o sono, a córnea é nutrida pela pálpebra e a lente de contato atua como uma barreira entre a pálpebra e a córnea, e dificulta a nutrição e oxigenação, causando pequenas lesões que podem infecionar.

Usar saliva para limpar as lentes é um erro gravíssimo. A saliva tem diversos microrganismos que podem proliferar e causar infecções.

Não utilize nenhum tipo de colírio sem a orientação do oftalmologista. O uso inadequado pode causar problemas oculares sérios e, muitas vezes, irreversíveis, podendo inclusive levar à cegueira. Fórmulas caseiras não devem ser utilizadas como colírios. Existem lubrificantes específicos para usuários de lentes e contato.

Ambientes com baixa umidade do ar provocam aumento da evaporação da lágrima e podem causar sensação de olho seco em pacientes usuários de lentes de contato. Soluções umidificantes e lubrificantes podem ser utilizadas desde que adequadas e sem exagero.

Antes de mergulhar ou nadar, recomenda-se retirar as lentes de contato para evitar contaminação.

Em caso de irritação, prurido, dor ou vermelhidão persistente, procure seu oftalmologista. Tenha sempre óculos atualizados que possam ser utilizados nos períodos de descanso e em intercorrências.

Seguindo esses cuidados, as lentes de contato podem ser utilizadas por muitos anos, sem causar problemas.

Autores:

Rachel L. R. Gomes – Pós Graduanda nível Doutorado, Oftalmologia e Ciências Visuais, Escola Paulista de Medicina (UNIFESP). Fellow em Córnea e Catarata na Tufts University, Boston, EUA.

Rubens Belfort Jr – Membro Titular Academia Nacional de Medicina

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